Natural de Igrejinha, o ex-diretor de desenvolvimento da Calçados Piccadilly, Tibúrcio Grings, participou do “Além da Hora Podcast”, programa do Grupo Repercussão. Nele, o empresário fala de sua vida pessoal, profissional, desafios, conquistas e lembranças dos 50 anos em que esteve dentro da empresa.
“Prazer contar um pouco da história e ver se a gente estimula os jovens a persistirem em sonhos”. É com essa frase que Tibúrcio dá início a entrevista. Sócio da 2ª geração da empresa, o executivo relembra o início da Calçados Piccadilly e o idealizador dela, seu pai, Almiro Grings. “Foi uma pessoa totalmente fora da época dele, muito à frente, visionário, uma daquelas pessoas que tinha que ser imortal”.
Bancar as próprias despesas, não parar de estudar e cumprir horário integral no trabalho, foram as condições dadas por Almiro ao filho, na época com 12 anos, após pedidos para começar a trabalhar com calçados. Com a proposta aceita, sua primeira função foi pintar solas de sapatos com tinta à base de cera preta. “Minha formação aconteceu no chão de fábrica, passei por todas as áreas e setores, o que me ajudou muito”, contou.
O cargo de diretor de desenvolvimento foi assumido em 1971 e quis fazer diferente e inovar. “Eu sempre disse ‘Não quero ser apenas mais um, não quero dividir com alguém, eu quero somar. Se eu vou fazer o que uma outra empresa faz, e faz sucesso, eu vou dividir com ela. Não é saudável. Eu me inspirava naquilo que estava indo bem, mas fazia diferente'”, disse ele.
O ponto de virada na empresa veio da persistência de Tibúrcio nos conhecidos tamancos. Uma coleção foi lançada e não aceita pelo público e, insistindo no produto, um aprimoramento em detalhes foi feito . O sucesso foi inevitável. “A Piccadilly não era mais uma fábrica de sapatos, era uma fábrica de tamancos”, relembrou.
O bom ambiente familiar sempre fez com que o trabalho prosperasse. “Pude me dedicar tão profundamente a essa área sabendo que eu tinha dois irmãos que não iam me passar para traz”, disse o empresário que relembra o que falava aos familiares quando chegou sua vez de assumir a presidência. “O poder não me atrai, gosto do que eu faço, sei fazer isso e quero ficar aqui”, falou.
Investimentos, busca por novos produtos, modelos, inspirações, conforto e fornecedores internacionais marcaram os 50 anos que Tibúrcio Grings esteve dentro da Calçados Piccadilly.
Sessões de terapias eram frequentes, noites mal dormidas, crise de pânico, além da grande responsabilidade em um momento da vida que precisava descansar, fez com que, por vontade própria, escolhesse parar em 2012.
Atualmente, é a 3ª geração da família Grings que está no comando da empresa. “Brincamos com eles que todo o negócio termina na 3ª geração, agora tem que ser exceção”, salientou.
No final da entrevista, Grings também contou algumas curiosidades sobre si. Sua comida preferida? Alaminuta. O que não come? Maracujá. Hobbie? Se vestir de Papai Noel no final do ano. Time de futebol? Grêmio. Momento mais díficil? Quando saiu da Piccadilly. Maior desafio? Ser presidente da Oktoberfest de Igrejinha em 2015. Conselho para quem quer começar um negócio? “Se tiveres um sonho, acredita nele, persiste nele e busca que vai dar certo. Nada é de graça. Tem muito sofrimento, muita dedicação, mas persegue teu sonho”, finalizou.