Juliano é testemunha de uma das maiores catástrofes brasileiras dos últimos tempos

Juliano Soares Sodré. 29 anos de idade. Pai de família. Filho. Aparentemente são características comuns diante da sociedade, mas para Brumadinho, o Soldado Juliano Sodré e seu cão Barão foram fundamentais, juntamente com os demais bombeiros, na missão de resgate e busca pelos desaparecidos, vítimas da negligência (alguns chamam de tragédia).
Sodré entrou na Brigada Militar em 2012 e realizou o Curso Básico de Formação Policial Militar em Taquara (2015), fazendo um curso interno de adestrador de cães de busca, salvamento e resgate. No final do curso foi convidado a entrar no canil da Companhia Especial de Busca e Salvamento (CEBS), aonde passou a ser condutor do Cão Barão, com quem trabalha desde outubro de 2015 quando entrou para o Pelotão.
Neste ano, Juliano e Barão foram encaminhados para a missão em Brumadinho e o soldado comenta que, mesmo com todo o treinamento realizado para atuar em diversos tipos de cenários, nunca se está pronto para uma situação dessa proporção, mesmo assim, ficaram profissionalmente muito felizes de poder ajudar na operação. “Fomos informados que havia a possibilidade de apoiarmos, mas só fomos para Minas Gerais no dia 28 de fevereiro. Chegamos lá no dia 1º de março.

PREVENÇÃO E LEMBRANÇAS

Devido ao alagamento, grande quantidade de rejeitos espalhados pela área atingida pelo rompimento da barragem expeliu um material tóxico prejudicial à saúde. Juliano conta que houve um cuidado rigoroso tanto na higiene pessoal, dos bombeiros e dos cães, quanto na prevenção de possíveis doenças. “Tomamos algumas vacinas e medicamentos para prevenir a leptospirose, também fizemos coleta de sangue para vermos a quantidade de metais pesados, e todo dia após retornarmos da zona quente passávamos por um banho de descontaminação. Os cães passavam todos os dias por um check up geral feito por um veterinário e por um banho de descontaminação e assepsia.” Diante dessa situação, Sodré comenta o que ficou de lição depois de Brumadinho. “Em meio a essa tragédia que vitimou tantas famílias, essa lama não levou somente bens materiais e sim histórias daqueles que ali moravam. A conclusão é que devemos dar valor ao que realmente nos fará falta, aquele abraço não dado, aquele tempo que acabamos não dando às pessoas que amamos, a esse bem que não volta… o tempo”, pontua.

BUSCA PELAS VÍTIMAS
CHEGA AO 73º DIA

De acordo com o soldado Sodré, em princípio, a ideia é de que a Companhia Especial de Busca e Salvamento em Porto Alegre – 3º Pelotão Canino, ficasse na missão durante 10 dias, mas devido ao bom trabalho dos cães gaúchos o CEBS foi convidado a ficar por mais 25 dias. Segundo Sodré, naquele período, 80% dos corpos encontrados foi com o auxílio dos cães de busca, no entanto, as operações ainda não acabaram. Os números oficiais dão conta de que 228 corpos foram encontrados e 49 ainda estão desaparecidos.

 

 

 

Texto: Lilian Moraes

Fotos: Arquivo Pessoal