História sobre a emancipação de Rolante que pouco aparece nos livros

Antigo prédio da Prefeitura Municipal. Foto: Arquivo/Museu Histórico de Rolante

Rolante – Nem tudo está escrito nos livros, mas a falta de registros não muda os fatos que determinaram os rumos da história. A de Rolante poderia ter sido diferente. Um homem chamado Reinaldo Schenkel, hoje nome de rua, não tem sua caricatura no painel de ex-prefeitos, mas teve peso político em um momento decisivo para a emancipação.

Até ser declarado município, Rolante foi uma localidade pertencente a Santo Antônio da Patrulha. Era por lá que os moradores pagavam seus impostos, faziam pedidos e reclamações. O movimento pela independência da cidade começou ainda em 1920, diante da insatisfação da população por suas demandas não serem devidamente atendidas pela prefeitura da época. “Santo Antônio não queria perder o território porque a arrecadação era muito alta, tinha agricultura muito forte, a questão dos moinhos, ferraria. Era um distrito que impactava muito financeiramente”, lembra Joyce Reis, diretora de Cultura.

Reinaldo entra nesta história como o rolantense que se candidatou a prefeito de Santo Antônio em 1947 — primeira eleição por voto popular da cidade, porque até então era o governador quem fazia a indicação. A candidatura ocorreu no sentido de buscar forças políticas para a emancipação. “Teve importância estratégica ter um rolantense concorrendo. Isso mexeu com a questão política”, explica. O rolantense não foi eleito e veio a falecer em 1949.

Foram três tentativas
A tentativa derradeira de separar Rolante de Santo Antônio ocorreu só em 1953. Antes disso, outros dois movimentos separatistas foram realizados. O primeiro foi em 1928 e consistiu em uma reunião entre os moradores insatisfeitos para exigir melhorias.

Após duas décadas, as estradas continuavam ruins e outros pedidos não estavam sendo atendidos. Então, em 1947, deu-se início a outra tentativa. Para isso, foi organizada uma reunião com os líderes de outros distritos, como Riozinho, Boa Esperança, Rolantinho, Pinheirinhos e demais linhas coloniais. Em 1949 Rolante conseguiu tornar-se município através de uma lei. No entanto, por pressões políticas de Santo Antônio da Patrulha, o texto foi considerado inconstitucional e o município não chegou a ser instalado.

Em 1953 houve o terceiro movimento separatista. Desta vez as lideranças tiveram esmero em registrar todos os processos, com atas e assembleias, para evitar qualquer chance de anulação. No dia 15 de dezembro de 1954, foi assinada pelo governador, General Ernesto Dornelles, a lei nº 2527, criando o Município de Rolante. No dia 28 de fevereiro de 1955, ocorreu a posse do primeiro prefeito, Hugo Zimmer.