Filas de espera por exames e cirurgias com referência crescem vertiginosamente na região

Em Campo Bom, quase 3 mil pessoas aguardam algum procedimento (Foto: Bruno Morais)

Região – Antes da pandemia do coronavírus, as filas por exames, consultas e cirurgias, de média e alta complexidade, que têm como referência hospitais da região, já eram preocupantes. Com o acúmulo de atendimento direcionado para os pacientes com Covid-19, esse problema se agravou ainda mais.

 

Em Campo Bom, por exemplo, são quase 3 mil moradores esperando por algum procedimento. Uma das demandas com maior dificuldade está sendo na oftalmologia adulta, são 273 pessoas aguardando na fila, seguido de otorrinolaringologia adulta, com 133 pacientes na espera. Para exame de ressonância com e sem contraste, são quase 450 pacientes. Na traumatologia, adulta e pediátrica, são mais de 80 pessoas esperando atendimento, além de 76 por consulta de neurologia adulta.
Em Sapiranga, a demanda mais problemática é na oftalmologia, com 534 pacientes, seguido de bucomaxilofacial, que soma 466 pessoas na fila de espera. Na especialidade de ortopedia, são outros 435 pacientes.
Em Parobé, conforme levantamento da Secretaria de Saúde, a maior demanda é na especilidade da traumatologia. São 580 moradores aguardando na fila de espera.
Essas esperas longas e sem uma definição de prazo é o principal motivador para um movimento que iniciou na região, que visa a construção de um Hospital Regional Federal para atender as regiões dos vales dos Sinos e Paranhana e a Serra. Já foram realizados encontros com vereadores, prefeitos e secretários de Saúde. O próximo passo será uma reunião no Estado.

Mutirão é uma alternativa

O prefeito de Campo Bom, Luciano Orsi, reitera a preocupação com as filas que aumentam semanalmente. “Na verdade, estamos sofrendo agravamento. Já era uma situação difícil antes da pandemia e, com ela, piorou. O que está sendo liberado em termos de consultas, exames e cirurgias, de média e alta, que cabe à União e Estado, tem sido menor do que precisa”, disse, projetando a luta do município no pós-pandemia. “Lutamos para conseguir um aumento em quantitativos no pós-pandemia para equilibrar essa conta. Muito provavelmente os municípios também terão de fazer de novos mutirões, com recursos próprios, como já fizemos em outros momentos”.

“Apreensivo com a morosidade”

Em Sapiranga, a secretária de Saúde, Janete Hess, conta que “atualmente, temos cadastrados junto às especialidades de média e alta complexidade uma fila crescente de pacientes, alguns com esperas mais longas conforme a especialidade e a referência contratualizada pelo Estado”. Hoje, a especialidade com maior demanda reprimida devido à Covid -19 é a oftalmologia, cuja referência é Porto Alegre. ” Com a diminuição do número de internação para pacientes acometidos com a covid, gradualmente, os atendimentos referenciados estão sendo retomados”.

Sobre como o município está lidando, Janete ressalta: “sabemos que a demanda reprimida já era uma realidade anterior à pandemia e, com ela, tivemos, consequentemente, o aumento. Em relação aos exames de imagem, por exemplo, optou-se na licitação destes, a fim de acelerar a elucidação diagnóstica bem como sua conduta, assim como aditar exames laboratoriais junto aos prestadores terceirizados”. Recentemente, a Prefeitura também adquiriu exames de tomografia com contrate no valor de R$ 95 mil. “Ficamos apreensivos com a morosidade nos exames pois eles são de extrema importância para elucidar e definir condutas e diagnósticos. Sabemos também que a pandemia contribuiu para o aumento desta demanda e ficamos felizes em contribuir para a saúde e o bem-estar da nossa população, tendo o apoio da prefeita Carina Nath em tais decisões”.

Espera de cerca de oito meses

A secretária de Saúde de Parobé, Ana Elisa Lima, conta que o maior problema no município está sendo com a demanda de atendimentos na traumatologia, que tem a referência em Canoas. “O pior gargalo é o traumato. A espera está sendo de cerca de oito meses e, nesta especialidade, são atendimentos em geral, como coluna e demais necessidades”. Atualmente, são quase 600 pessoas aguardando na fila de espera.

Linha de cuidados

Questionada sobre o que tem sido o maior problema, a secretária de Saúde de Sapiranga, Janete Hess, citou a questão da referência. “Depende de cada caso. Quando se pactua a referência, pactua-se também a linha de cuidados. No entanto, muitas vezes, está sendo solicitado pelos reguladores, a inserção dos exames a fim de nortear a conduta”, disse ela. A mesma preocupação foi citada por Ana Elisa. “Com isso, as vezes, exames feitos passam do prazo de seis meses e precisamos refazer, pois o atendimento não foi realizado a tempo”.