Ex-presidentes da Amifest contam suas experiências com a Oktoberfest

Igrejinha – Ao longo da história, muitas mãos construíram o modelo de festa que hoje é seguido pela Oktoberfest de Igrejinha. Edição após edição, mudanças foram dando a cara do evento que hoje se tornou a maior festa comunitária do Brasil e um exemplo de organização. Boa parte dessa transformação passou pela decisão dos presidentes da Amifest. Diferentes a cada edição da festa, eles são os responsáveis pelas decisões finais em todos os aspectos da festividade, desde a organização da estrutura, até investimentos necessários e atrações contratadas.

Uma das gestões que se notabilizou e entrou para a história com uma das noites com maior público até hoje foi a de Tibúrcio Grings, em 2005. O ano foi marcado pelo show da cantora Ivete Sangalo, que estava em um dos pontos altos de sua carreira. “Logo quando assumi, meus filhos perguntaram ‘pai, qual é o show?’. Eu sempre fui muito fã da Ivete. Eu disse: vai ser a Ivete! Mas nem eu acreditava”, recorda. O empresário explica que participou dos bastidores para trazer a Schincariol para a região, e tinha contato com membros da diretoria. “Eu sabia que eles tinham contratado ela (Ivete) como garota propaganda e que dentro desse contrato tinham cinco shows previstos. Pensei ‘quero um show’. Começamos as negociações e tudo foi muito difícil”, relata. Após diversas articulações, Tiburcio recebeu a notícia de que a empresa entraria com o show como patrocínio. O resultado foi um público de mais de 40 mil pessoas no parque para prestigiar a cantora, número recorde de pessoas em um único dia que demorou anos para ser alcançado.

Além dessa marca histórica, a 18ª edição inovou com elementos que seguem até hoje, como a decoração por toda a cidade e repasses para entidades de municípios vizinhos.

Entrevistas

Tibúrcio Aristeu Grings, presidente da 18ª edição, em 2005

Quais são as principais memórias da sua gestão e qual o sentimento quando se lembra dessa época?
Pra mim, viver tudo aquilo foi mágico. Sempre digo que passei a ser uma pessoa diferente depois desse evento. Antes eu tinha vergonha de dar a mão para alguém. Na minha família todos são políticos e eu sempre tive pavor de política. Eu achava que dando a mão para alguém indicava que eu iria ser candidato, e isso era muito cobrado, sobre quando eu ia concorrer a prefeito. Eu sempre disse que nunca. A partir da festa consegui quebrar isso.

Qual sua avaliação sobre as ações realizadas ao longos dos anos? Como vê a evolução da festa?
No ano em que fui presidente tentei fomentar que a gente criasse um conselho dos ex-presidentes e ex-prefeitos por já terem passado pela festa, para ter um planejamento para a Oktoberfest. Cada presidente chega lá hoje e faz o que quer. Graças a Deus até hoje não tivemos aventureiros, mas um dia pode acontecer. Tu faz investimentos que no ano seguinte o outro presidente pode mudar tudo. Eu acho que o investimento da festa é muitíssimo alto e a gente vibra com o retorno, mas se olhar o investimento e o retorno, o risco é muito grande. Já aconteceu isso: uma semana antes dar enchente, porque é um período chuvoso. Já deu vendaval que derrubou toda a portaria, mas ainda que era em dia que não tinha festa. Queira Deus que nunca aconteça, mas se um dia acontecer, quem vai pagar esse prejuízo? A Amifest não tem nada porque distribui tudo. Então esse conselho iria criar um planejamento. Foi uma pena que essa ideia não foi aceita, até porque tem decisões que não são nada simpáticas, mas precisam ser tomadas, e um presidente não pode tomar.

Para você, hoje, qual é o singnificado da Oktoberfest para a comunidade de Igrejinha e para a região?
Pra mim ela é o modelo que devia ser replicado para o país inteiro.

Clovis C. Werb, presidente da 26ª edição, em 2013

Quais são suas principais lembranças da edição?
O principal ponto que posso destacar é a valorização dos voluntários. Naquele momento entendemos que era importante para a festa realizar eventos antes dela buscando valorizar a presença do voluntário. Também tivemos a assinatura do Partnerschaft, parceria com a cidade alemã de Simmern. Algo que até hoje repercute nas mídias quando se fala em Oktoberfest é aquela foto aérea, feita com a palavra prost, no campo do Igrejinha, onde reunimos os voluntários com a camiseta. Naquele ano também foi concluído o palco do pavilhão 2. Em conversa com meu vice, o engenheiro Leandro Kunst, criamos um espaço vip para os voluntários, que segue até hoje. Foi a primeira vez que os voluntários tiveram um espaço livre e vip durante a festa. Em 2012, como vice, a Amifest intermediou a aquisição de uma área que praticamente duplicou o parque, onde fica o parque de diversões e estacionamento para bombeiros. A área do município era só até o arroio. Amifest bancou metado do valor.

O que você considera que foi destaque no quesito atrações?
A grande atração, que mais empolgou, foi a presença de uma banda da Alemanhã de músicos profisisonais e jovens, a Wandermusikanten, que encantaram na festa e no desfile. Passamos em todos os aqueces. Eles eram ecléticos e tocavam todos os gêneros. Chegavam nos aqueces e no ouvido acompanhavam o que estava sendo tocado. Eles ficaram no parque durante todo o evento. Foi uma abertura que marcou pela diversidade de atrações.

Para você, qual o significado da Oktoberfest?
Vivenciei o início da Oktoberfest como integrante da prefeitura, quando o prefeito Lauri, na época, idealizaram os primeiros passos. Foi uma visão do prefeito de criar uma festa onde pudesse se conservar as tradições alemãs. Depois houve a criação da Amifest, que passou a cuidar de tudo. Pra mim, a festa hoje serve de inspiração para outras associações, entidades.

Renato Argenta, presidente da 10ª edição, em 1997

Quais são suas lembranças e o que considera que foram os marcos da sua gestão?
Construímos o pavilhão dos colonos, construímos os espaços utilizados pelas escolas, com aquelas casinhas. Fizemos também um conjunto de banheiros e também tiramos de lá de dentro os particulares, que vendiam churrasquinho e outras coisas. Passamos os espaços para as escolas poderem ter seus rendimentos ali dentro. Assim conseguimos juntar mais as escolas para participar, e para estar no desfile, tinha mais motivação pois podiam adquirir seus recursos. Acho que o maior acerto foi tirar os particulares lá de dentro. Eles achavam que já tinham direito adquirido. Eu era meio bruto para essas coisas e fomos lá e modificamos. Depois as entidades passaram a utilizar. Depois automaticamente tudo foi crescendo. Na época a Kaiser fez o lançamento do chopp deles na festa também, foi uma novidade. Também tinha muito saibro e fizemos o calçamento. Foi uma festa boa para arrumar bastante amigo novo.

Quais eram as atrações da época?
Naquela época era só bandinha. Com o tempo as coisas vão mudando, vai mudando o público. Hoje é para atender o público jovem. Antigamente era público mais de idade.

Como é seu envolvimento com a festa hoje?
Participei durante uns 15 anos da organização. Chega um tempo que temos que deixar para os outros, a gente não é mais guri também. Uma época eu não tinha uma noite livre. A gente hoje ajuda com patrocínio. Hoje são minhas filhas que participam mais.

Como ex-presidente da festa, o que a Oktoberfest representa para você?
Uma coisa boa. Imagina só para o hospital. Chega no fim do ano tá sempre com aperto. Para as escolas e polícia é muito bom. Tomara que dure sempre e não perca essa tradição, com a turma contente para trabalhar de graça. Os voluntários são a coisa melhor que tem. Se cria muita amizade lá. Na minha época era, e hoje também deve ser assim, deve ter criação de vínculo com a comunidade.