Estiagem e crescimento acelerado de vendas por conta da pandemia de coronavírus causam elevação nos preços de produtos

Aumento de preços está relacionado com a estiagem e desabastecimento não deve ocorrer Fotos: Arquivo JR

Por Laura Blos e Matheus de Oliveira

Região – Seja pelo medo do desabastecimento das prateleiras, seja pela esforço em sair de casa o menor número de vezes possível, a cena de consumidores empilhando compras nos carrinhos se tornou comum em diversos supermercados da região. A estiagem, somada ao crescimento acelerado das vendas, tem encarecido o preço de diversos produtos essenciais, como arroz, feijão, açúcar, e, principalmente, ovos e leite. Produto que é crucial em tempos de disseminação do coronavírus, o álcool em gel teve alta de mais de 100% em um mercado procurado pela reportagem.

A disponibilidade de alimentos deve continuar normal pelas próximas semanas, sem interrompimentos. O que se espera são faltas pontuais, devido ao aumento da procura de determinados itens. De acordo com a Associação Gaúcha de Supermercadas (AGAS), “o abastecimento de produtos está plenamente garantido, e algumas altas pontuais de preços registradas (sobretudo no leite e ovos) já ocorreriam mesmo sem a pandemia, devido a questões de entressafra, alta do dólar e sobretudo da estiagem.” Conforme balanço divulgado pela AGAS, as maiores altas no estado na última semana de março foram registradas nos preços do açúcar refinado (+2,34%), alface (+2,35%), cenoura (+2,49%), laranja comum (+6,02%) e tomate (+5,47%).

Estiagem e compras em maiores quantidades influenciaram
Ezequiel Stein, dono do mercado Lanz de Igrejinha, explicou que o aumento nos preços é um conjunto entre a estiagem e a procura maior por produtos. “Expecificamente o leite, se deve em função do pasto que já estava ralo no campo pela seca que a gente vem enfrentando, e aí combinou com a questão do coronavírus, as pessoas de imediato correram para o supermercado e fizeram o abastecimento maior do que vinham fazendo. Houve um leve crescimento em venda, mas uma leve redução, em torno de 20 a 30%, de visita nos supermecados, ou seja, as pessoas estão vindo menos e comprando mais”, explica.

Desabastecimento
Outra preocupação da população é o desabastecimento, mas todos os mercados que ouvimos garantem que isto não deve acontecer. Ezequiel afirma: “está tendo muito atraso de entrega, mas o desabastecimento é muito difícil de ocorrer, está tudo tranquilo neste sentido, porque a industria alimentícia continua trabalhando”. Em Sapiranga, o cenário é o mesmo, atrasos mas sem expectativa de desabastecimento, apenas aumento nos preços de produtos importados ou que sofreram com a estiagem.

Preocupação com a queda na renda familiar
Valério Stein, gerente do Mundo Real Atacado, conta que o aumento nas vendas foi perceptível, mas que a expectativa é que, pelo cenário atual, elas não permaneçam desta forma por muito tempo. “Tivemos um aumento considerável na venda diária. Mas, já projetando que futuramente este aumento possa diminuir em função de a renda das pessoas ter diminuído (férias, demissões) somando as propostas do governo não efetivas para subsidiar o dia a dia da população”, explica.

Esta visão também é compartilhada por Silvia da Silva Wesz, proprietária do mercado Wesz, em Sapiranga. “Não tivemos reflexo ainda de queda nas vendas, mas o futuro é incerto. Com as demissões em massa, o poder aquisitivo dos clientes cai, podendo haver diminuiçao nas vendas após a Páscoa.”