Estação férrea de Parobé e a história na formação do município

Rua Dr. Legendre em 1939, vista da estação Foto: Arquivo/Secretaria de Cultura de Parobé

Considerada essencial para o desenvolvimento da região do Vale do Paranhana nos seus primórdios, a viação férrea do Rio Grande do Sul tem história também em Parobé.
Com estação inaugurada em 1903 no município, o local recebeu o nome de Parobé como uma forma de homenagem ao engenheiro João José Pereira Parobé, na época secretário de obras públicas do Rio Grande do Sul e profissional responsável pelo projeto ferroviário que passava por Novo Hamburgo – Taquara e Canela, conforme destacado no livro “Parobé, Minha Cidade tem Memória”.
Estabelecida em terrenos de João Mosmann, desmembrados da localidade de Fazenda Pires, a estação ficou ativa até 1964 e, neste período, impulsionou o comércio nos arreadores. Segundo o livro citado anteriormente, com a chegada do trem na cidade, Mosmann decidiu lotear as terras próximas à estação em pequenos terrenos. No primeiro lote vendido para Germano Correia, foi construído um sobrado onde eram comercializados produtos de secos e molhados, além de ter uma confeitaria, “os produtos eram vendidos em um pequeno espaço junto à estação. O local também servia de hotel para abrigar os viajantes que ali passavam, e para enviar ou receber mercadorias”, relembra o exemplar. Três anos depois, outros lotes foram negociados e, em um deles, uma família promovia eventos para negros e mestiços.
Mesmo com um progresso definido como lento pelas autoras do livro, o povoado foi se formando e, com isso, constatou-se a necessidade da instalação de um Cartório de Registro Civil. “Em 1906, firmou-se o cartório da localidade, sendo o primeiro escrivão João Mosmann”, destaca o livro.
Em 1908, o distrito de Parobé pertencente ao município foi criado após assinatura do ato Nº 110.05.03, pelo Intendente Diniz Martins Rangel.

Curso da história poderia ter sido outro

“Uma Fazenda, Um Sobrado, A Estação”, escrito pela professora Ligia Mosmann em 1999, conta que a história do município poderia ter sido outra, caso o terreno onde foi construído não tivesse sido doado. “Segundo depoimento de alguns moradores mais antigos, o local escolhido para a edificação da estação férrea ficava próximo ao Arroio Funil, mais povoado nessa época. Na busca de doação de terreno, Corrêa procurou vários proprietários, mas só foi bem sucedido ao recorrer a João Mosmann, que se dispôs a fazer a doação”, retrata o livro.
Em função do ato de Mosmann, a estação férrea foi construída no local que hoje ocupa no Centro da Praça 1º de maio e, atualmente, abriga o museu municipal. “Se assim não fosse, a localização e, provavelmente, também o nome, seriam outros”, contextualiza a obra.