Especialista explica motivos de aumento no preço de produtos da cesta básica

Aumento no preço do arroz tem assustado o arroz tem assustado o consumidor Foto: Valdir de Oliveira Junior

Região – Os aumentos nos preços de produtos considerados essenciais na mesa do brasileiro têm assustado nos últimos dias. O leite, o óleo de soja e o feijão foram itens que registraram aumentos consideráveis no valor final, no entanto, a elevação no preço do arroz foi uma das mais sentidas. Segundo uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), realizada pela instituição nas capitais do Brasil, em agosto, o valor do cereal aumentou em 17,91% em comparação com o mês de julho, no Rio Grande do Sul.

Dion Costa, supervisor de operação do Atacado Leia, de Taquara, explica o porquê deste aumento. “O aumento que chegou hoje no supermercado foi referente a venda dos grãos para fora, hoje o que toda as indústrias tinham de estoque estão sendo vendido para fora, então para dar conta da demanda, eles precisaram aumentar”, explica.

Na cidade, de acordo com Costa, o atacado está adotando medidas para que o consumidor não sinta, de forma tão severa, o aumento. “Hoje se eu fosse vender pela margem que nós trabalhamos, eu ia estar vendendo a R$ 18,00 o mais barato. Então nós decidimos em reunião com a direto-ria que íamos diminuir o nosso ganho para poder passar o consumidor esses produtos”, revela.

Preços

Segundo a pesquisa da DIEESE, o óleo de soja também apresentou alta no Rio Grande do Sul, foram 21,15% com relação ao mês de julho. Por outro lado, a carne bovina registrou queda no preço. Conforme o levantamento, no Rio Grande do Sul, foram -0,55% de queda.

O que explica esse aumento?

Carlos Paiva, professor do mestrado em desenvolvimento regional nas Faculdades Integradas de Taquara (FACCAT) explica que o principal fator para esse aumento é a desvalorização do real, ou seja, a valorização do dólar, no entanto, o professor ainda aponta outros motivos. “Houve também o problema de desabastecimento para alguns setores produtivos, ou seja, nessa pandemia eles tiveram dificuldades de acessar os produtos e quando se tem dificuldade de acessar os produtos, aumento de custo de transporte, segurança, seguro e etc, houve alguns aumentos de custos de produção”, esclarece.

Outro ponto destacado pelo professor é a inflação. “A inflação nada mais é que o aumento de preços generalizados, ou seja, que não é apenas localizado em um produto. Isso passa de produto em produto, aumenta o trigo, aumenta o pão, aí aumenta a bolacha e aumenta tantas coisas de alimentação que o pessoal pede aumento salarial, aumenta os custos de produção… é um ciclo. Uma coisa vai empurrando a outra”, explica o professor. “Quando acontece o aumento de preço em um único bem, em um único setor, não é inflação, é mudança de preço relativo. Entretanto, nós estamos vivendo uma inflação por que é um conjunto de preços e por que é um conjunto? Por que o principal fator foi o câmbio e ele afeta muita coisa, tudo o que a gente importa e exporta”, finaliza.