Especial Parobé 37 anos: Calçados Azaleia: uma empresa com um forte legado mesmo após demissões em massa ocorridas em 2011

Mesmo depois de ter demitido cerca de 800 funcionários da sua sede em Parobé, em 2011, a Azaleia deixou um legado de boas lembranças na cidade. Fundada em 2 de dezembro de 1958, por Theno Berlitz,Nelson Lauck e Arnildo Lauck, em um pequeno galpão, a empresa surgiu para o mundo com o nome de Berlitz, Lauck e Cia. Ltda. Depois de ter começado, a Azaleia se instalou em um barracão de madeira alugado, onde fora desativada uma antiga cancha de bolão e o trabalho era realizado pelos sócios e suas esposas. Durante muito tempo, a Azaleia foi o pilar da economia da cidade e construiu muitas histórias através de seus funcionários e importância que tinha para Parobé. No entanto, o fim da produção na cidade marcou um episódio triste para o município, pois o setor calçadista enfrentava uma grave crise no Estado. Mesmo depois de ter recebido incentivos fiscais via Programa de Harmonização do Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do Sul – FUNDOPEM, na década de 1990, antes de desativar a produção em Parobé, a empresa encerrou atividades também em São Sebastião do Caí, em 2005, quando 800 trabalhadores foram dispensados. Depois, na cidade de Portão, em 2008, demitindo cerca de 250 colaboradores.

EX-FUNCIONÁRIA E FUNCIONÁRIO RELEMBRAM ESTRUTURA

GABRIEL BRAGANÇA, MORADOR DE PAROBÉ, DE 26 ANOS, trabalha na empresa desde agosto de 2011 e conta detalhes de como ela se encontra hoje, na cidade. Bragança comenta que a diferença nas gestões é nítida, mas a preocupação com o bem-estar do funcionário continua sendo uma das prioridades. “Eles procuram ter uma boa relação de empresa-funcionário. Não é como antigamente porque antes o pessoal era nativo daqui mesmo né, tinha um apreço maior, mas o atual presidente da empresa é um cara muito humilde, sempre pensa no funcionário também, o que faz da Vulcabrás Azaléia uma ótima empresa para se trabalhar”, relata.

MARLECI LEMOS, EX-FUNCIONÁRIA DA EMPRESA, conta que trabalhou durante 33 anos e tem boas lembranças da época que foi colaboradora do Calçados Azaleia. “Saí de lá de cabeça erguida, só tenho orgulho de ser uma boa funcionária e sempre ter boas amizade lá dentro, me dava bem com todo mundo”, lembra. Marleci ainda comenta o quão triste foi ver os pavilhões se esvaziando aos poucos, na época em que aconteceu a demissão em massa, no ano de 2011. “Foi muito triste ver fechando aos poucos, pois quando comecei não tinha os pavilhões, não tinha creche, refeitório e nem ônibus. Depois que tinha tudo foram levando aos poucos para o Nordeste”.

Há mais de 50 anos referência

Instalada há mais de 50 anos na cidade, a Azaleia foi e ainda é uma referência no que diz respeito a gestão de pessoas. Segundo dona Marleci Lemos, a empresa se preocupava muito também com os filhos dos funcionários. “Meu filho mais velho se criou lá, foi na creche, fez CDV (Centro de desenvolvimento vocacional) e CDP (Centro de desenvolvimento profissional), a partir daí se firmou gerente e hoje trabalha em outra empresa, mas tudo começou com a Azaleia”.

Atualmente, a empresa chama-se Vulcabrás Azaleia e é uma das maiores indústrias de calçados do Brasil, contando com mais de 15 mil funcionários distribuídos entre as filiais brasileiras localizadas em Horizonte-CE, Itapetinga-BA e Frei Paulo-SE. Em 2011 a fábrica demitiu cerca de 800 funcionários e encerrou a produção de Parobé, com o fechamento parcial. De acordo com a direção, o motivo desse encerramento seria a concorrência com os importados. As marcas produzidas ainda carregam traços da sua origem, como por exemplo a denominada Azaleia, que é produzida desde 1958, além de Dijean, Olympikus, Botas Vulcabrás e a recente Under Armour.

Texto: Lilian Moraes

Fotos: Divulgação