Equipe multidisciplinar iniciará tratamento com pacientes pós- covid em Parobé

Secretária Ana e médico Fernando explicam importância do tratamento para evitar agravamento dos pacientes (Foto: Melissa Costa)

Sapiranga – A pandemia da Covid-19 tem exigido uma verdadeira força-tarefa das equipes médicas. Cada dia é um novo desafio aos profissionais. Além de lidar com o tratamento dos pacientes infectados e, em muitos casos, com quadros agravados e risco de morte, a luta segue também após a alta. O que as equipes têm constatado é de que a alta do paciente, seja do hospital ou do isolamento domiciliar (com quadros sem agravamento), não coloca fim ao tratamento do paciente infectado com a covid. Muitos pacientes estão apresentando sequelas e, para que a situação não se agrave, é necessário tratamento imediato e contínuo. Pensando nisso, a Prefeitura de Parobé, por meio da Secretaria de Saúde, decidiu formar um comitê multidisciplinar e criou um atendimento direcionado, que será feito a partir da próxima semana na UBS Nova Parobé.

O clínico geral Fernando Volkart explica que a síndrome pós-covid não se limita a pacientes que tiveram apenas as formas graves ou que passaram pelo processo de intubação. “A síndrome pós-covid requer, além dos sintomas, uma avaliação abrangente das lesões orgânicas”, disse ele, citando que as lesões podem afetar órgãos como cérebro, pulmões, intestinos, coração, fígado e rins. “Os sintomas, na sua maioria, são leves, melhoram com o tempo se feito um tratamento bem indicado”.

Para atender esses pacientes, a Prefeitura estará disponibilizando uma equipe multidisciplinar, com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo e clínico geral na UBS Nova Parobé. Quem estiver com sintomas de pós-covid poderá procurar a UBS mais perto ou também ir diretamente na unidade de Nova Parobé.

Fadiga e dores de cabeça estão entre os sintomas mais citados por pacientes

Em uma pesquisa recente, em nível nacional, foi constatado que 80% dos pacientes infectados desenvolvem um ou mais sintomas de longo prazo. O que a pesquisa também apontou, como cita o clínico geral Fernando, é de 58% dos pacientes apresentam fadiga, 44% cefaleia, 27% desordem de atenção, 24% queda de cabelos, 24% dispneia (falta de ar ou dificuldade para respirar) e 21% anosmia (perda de olfato e paladar). “Há uma gama de pacientes em Parobé que tem enfrentado sintomas pós-covid. E o que vamos tratar é a síndrome pós-covid, e, novamente digo, ela não se limita a pacientes que tiveram a forma grave da doença, mas também aquele acometido de forma leve; ele também pode demorar a se recuperar”, conta o clínico geral. “Nosso diferencial é que vamos fazer uma avaliação integrativa, com grupo de profissionais”.

 

Rede pública irá acompanhar os pacientes

O clínico geral explica, ainda, que o atendimento dos pacientes pós-covid não se resumirá a uma consulta, haverá acompanhamento. “Vamos, com esse grupo de profissionais, acompanhar toda a evolução do paciente. Não sabemos o que ele vai desenvolver daqui um ano ou dois anos, por isso, estamos iniciando esse trabalho, para tratar e acompanhar. Em Parobé, decidimos formar esse grupo de multiprofissionais para estarmos na frente, preparados para o que vier, de forma antecipada. Estamos lendo e estudando diariamente sobre isso”.

Quanto antes o paciente com sintomas de pós-covid procurar o atendimento e tratamento, mais rápido ele terá resultados positivos. “Se não houver esse acompanhamento, no futuro, esse paciente vai onerar o Sistema Público de Saúde (SUS)”, resume o médico Fernando, citando ainda, que alguns sintomas não permitirão os pacientes a terem uma rotina saudável. “Você com dores de cabeça , por exemplo, não consegue trabalhar. A falta de atenção também pode provocar resultados graves. Por exemplo, uma pessoa que trabalha fazendo cortes em uma esteira de calçados, numa linha de montagem, que é um setor que emprega muito na região, ela pode ter um dedo cortado por não estar conseguindo ter a atenção necessária. É trágico e oneroso”, alerta.

A secretária de Saúde, Ana Elisa Lima, reforça que o município e suas equipes não estão poupando esforços para montar esse comitê e conseguir acompanhar e tratar os pacientes pós-covid. “Decidimos por colocar esse atendimento na UBS da Nova Parobé porque lá já tem fisioterapia e nosso centro especializado ainda é lá. Os esforços são para tratar o paciente e evitar um quadro mais grave”, disse ela. “Estamos sendo pioneiros nesse tratamento e vamos enfrentar isso”, completa Fernando.