Entre malabares e desenhos: conheça o jovem que encanta com a sua arte em Taquara

Ao menos duas vezes por semana, o artista vai até o sinal para exibir sua arte Fotos: Lilian Moraes

Cinquenta e dois segundos. Entre um sinal e outro, esse é o tempo que ele tem para apresentar sua arte e dar um toque de leveza ao dia a dia de quem passa pelas sinaleiras da movimentada RS-115, próximo à sede dos Motoristas de Taquara.
Apaixonado pela arte e cheio de sonhos, James Azevedo é morador de Parobé e ganha a vida exibindo suas habilidades com o malabarismo, além de fazer do sinal um palco para a exposição de suas pinturas e desenhos.
Embora tenha tentado seguir a vida com um emprego formal e iniciado a faculdade de administração, ele tomou o rumo contrário dos padrões considerados “normais” pela sociedade e encontrou na sinaleira algo que vai além do sustento. “Chega uma hora que tu sente que vira uma missão social tua. De levar um pouco de alegria em um mundo tão cinza. A questão do farol tem um tempero que é muito legal, que ele é imprevisível. Tu pode trombar com um cara que vai te derramar um monte de ofensa de forma aleatória e também vai ter a idolatria. De pessoas filmarem, te darem uma gorjeta alta, te abençoar… coisas de todo o tipo”, comentou.
A busca pelo aperfeiçoamento é constante. E como James não vai todos os dias para o sinal, usa do seu tempo livre para treinar. “Seja nos malabares, nos desenhos ou pinturas, gosto de me aperfeiçoar”, contou ele.

Quebrar paradigmas de quem opta pelo sinal para mostrar sua arte

Revelar detalhes sobre essa atividade, segundo James, ajuda a desmistificar um pensamento que acaba sendo comum sobre quem fica no sinal. “Derruba o paradigma de quem fica lá são só usuários de drogas, pedintes, ou pessoas sem lar. E mostra que existe uma base por trás disso também. De trabalho, de aperfeiçoamento e investimento em materiais para conseguir realizar uma apresentação bem preparada”, contextualizou o artista, que exibe sua arte há aproximadamente quatro meses em Taquara.

Relação com a arte
Azevedo também conta que sua relação com a arte começou com os desenhos. “Desde pequeno, sempre fui de desenhar. E aí chegou uma hora que a folha de ofício ficou pequena. Eu desenhava rosto grande e queria expandir mais”, lembrou. “Um dia, escondido, risquei na parede de outra casa que nós morávamos, fiz a lápis e não pintei. Ficou grande. Do jeito que eu gostava. Morrendo de medo que minha mãe me repreendesse, mas não, minha família aprovou, gostou e me deram todo o quarto. Então, eu enchi de desenhos, era a minha alegria”, complementou.
O que continuou na escola, conforme James relembra. “Qualquer aula para mim era de artes. A professora estava falando, eu conseguia acompanhar um pouco da matéria, mas estava sempre calado, desenhando”, citou ele.

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