Entidades e empresa avaliam cenário do setor calçadista no Vale do Paranhana

Foto: Reprodução/Piccadilly

O momento do setor calçadista preocupa. Embora o ano tenha iniciado com indicadores de que uma possível recuperação da atividade seria uma realidade, o agravamento da pandemia e o constante “abre e fecha” das lojas físicas que passaram a acontecer novamente partir de março, fez com que o cenário registrasse uma queda brusca nas vendas totais, é o que afirma o presidente da Associação Brasileira de Indústrias e Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira.

Conforme Ferreira “os dados do primeiro bimestre apontam uma breve recuperação na produção, de 1%, o que acabou refletindo no emprego do segmento, com 18 mil postos criados no período. Porém, como dito, notamos uma queda já em março, embora os dados ainda estejam sendo tabulados”, pontua.

Cristine Grings Nogueira, presidente da Calçados Piccadilly, reforça a informação de que o ano iniciou bem dentro de um contexto externo, entretanto, internamente as restrições acabaram impactando. “Tivemos um primeiro trimestre muito positivo no mercado externo. As vendas da Piccadilly para fora do país representam em torno de 30% do nosso faturamento e esse primeiro trimestre foi muito positivo, com metas batidas tanto em faturamento quanto em pares”, revela. “Com relação ao mercado interno, o desempenho não foi tão positivo diante do cenário de um cenário de pandemia muito mais crítica e lockdown e período de comércio por um longo tempo fechado. Então isso impactou as nossas vendas para mercado interno no primeiro trimestre”, conta Cristine.

Cenário em Parobé
João Nadir Pires, presidente do Sindicato dos Sapateiros de Parobé, demonstra uma certa apreensão com setor. “É um cenário de grande preocupação. Porque o ano começou bem, mas o mês de março foi ao contrário. Aqui em Parobé mesmo a Calçados Bottero demitiu em torno de 40 pessoas e fechou uma unidade em São José do Hortêncio. Em todas as unidades, eles me passaram hoje pela manhã (01/04), que o número atinge cerca de 200 demissões. Então é um cenário muito perigoso”, explica.

Pires ainda ressalta que tanto as empresas quanto os trabalhadores estão aguardando uma iniciativa do Governo Federal “reeditar aquela medida provisória como foi no ano passado, que proporcionou segurar um pouco os empregos através de uma adequação de jornadas, de salário e etc… Acreditamos que se não houver uma medida dessa natureza, em decorrência do aumento da pandemia que já está acontecendo, nós vamos ter sérios problemas nos próximos meses, muito próximos de mais demissões”, observa.

“Ainda assim, temos uma perspectiva positiva”

Entrevista – Cristine Grings Nogueira, Presidente da Calçados Piccadilly

Presidente da Calçados Piccadilly falou sobre o cenário atual Foto: Gabriela Cardoso

Jornal Repercussão: Como você avalia o momento do setor calçadista atualmente? Quais são as perspectivas da Calçados Piccadilly dentro deste contexto?
Cristine Grings: Com certeza é um período delicado devido a esse longo período de fechamento do comércio e isso acaba impactando em altos estoques e baixas vendas então certamente nós temos um contexto desafiador nesse momento. Ainda assim nós temos uma perspectiva positiva, que a partir do momento em que a vacinação avança, o comércio retoma as suas vendas e a gente consegue evoluir esse cenário. Eu tenho ido a mercado bastante, então algo que eu ouvi há poucos dias atrás e que achei interessante é de que as senhoras estão voltando novamente para as lojas depois de um longo período sem poderem sair de casa em função da vacinação estão voltando as compras no comércio e para nós isso traz uma perspectiva positiva porque é um público fiel a marca.

 JR: Como a Piccadilly está trabalhando para “driblar” a crise?
 CG: O primeiro olhar da Piccadilly foi de sustentabilidade e perenidade do negócio.Então por isso fizemos um olhar para deixar a empresa mais enxuta e também ágil, responder rápido ao mercado. É uma exigência muito grande que nesse momento está existindo.

JR: Quais sãos as medidas que a senhora considera que foram/estão sendo essenciais para a Piccadilly se manter diante de todas essas circunstâncias que envolvem a pandemia?
CG: Uma iniciativa importante que nós tomamos foi, apesar desse contexto desafiador e que de alguma forma gera um distanciamento, nós nos aproximamos do mercado. Temos escutado o nosso lojista, entendido quais são as dores e os desafios que ele tem vivido e como nós podemos apoiar da melhor forma. Para isso, temos buscado ajudar o lojista na sua transformação digital, oferecendo serviços que apoiem ele a também vender através do canal digital em função de esse ser o principal meio de vendas nesse momento. A gente também criou um serviço onde o lojista consegue comprar mercadorias de uma forma imediata, é um estoque totalmente saudável, focado em produtos de alto giro em que o lojista pode escolher com grande aberta então é uma flexibilização na forma de compra e com isso atender ele de uma forma rápida. É um momento em que o lojista está muito comedido, então não está apostando em altos estoques e portanto a gente poder oferecer soluções como essas é muito importante para ele, a fim de ajudar ele a não estoques desnecessários mas ao mesmo tempo também não perder vendas. Estamos também olhando muito para o digital, investido nesse canal entendendo que ele é uma ferramenta muito importante com a consumidora final e também de vendas.