Em razão da pandemia, triplicam atendimentos do Caps em Parobé

Equipe se divide entre atendimentos presenciais e online na UBS do bairro Integração (Fotos: Melissa Costa)

Parobé – A pandemia do coronavírus tem alterado a vida, a rotina e afetado diretamente as emoções de todos. Tanto quem precisa enfrentar o isolamento ou mesmo quem precisar ir trabalhar diariamente, tem um grande desafio psicológico diário para absorver tudo que vem acontecendo. E muitas pessoas, estão necessitando de suporte de profissionais para lidar com as mais diferentes realidades impostas pela pandemia.
Em Parobé, conforme dados da Secretaria de Saúde, a procura por atendimento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que funciona junto à UBS Integração, que hoje foi transformada no segundo Centro Covid, triplicou durante os últimos 12 meses. Antes de iniciar a pandemia, a equipe realizava cerca de 600 atendimentos por mês. Hoje, em um ano de pandemia, são cerca de 1.600. “E são diferentes níveis de gravidade. Alguns já conseguimos uma avaliação na primeira consulta; em outros casos, são necessárias mais consultas e, as vezes, mais de uma vez por semana ou quinzena”, explica a coordenadora Marili Bitencourt.
A maioria das consultas ocorre por encaminhamentos das UBSs ou hospital ou até mesmo pelo pedido de socorrido direto no Caps. “As pessoas devem pedir socorro, estamos aqui para ajudar”, diz a psicóloga Maiane Antônia Braun.

Município tem investido em espaço mais amplo para atendimentos e na equipe

A secretária de Saúde, Ana Elisa Lima, conta que o município não tem medido esforços para atender o maior número possível de pacientes. “Quando assumimos, o atendimento do Caps era feito em outro espaço, menor. Agora, transferido para junto da UBS do Integração, com entrada pela lateral e há um espaço muito maior. Já projetamos o atendimento também para quando a pandemia passar, com sala grande para atividades em grupo. Agora, com o crescimento por conta da pandemia, conseguimos ampliar o horário dos profissionais, o que já ajuda em muito”, contou a chefe da pasta. “Precisamos ajudar a comunidade, o momento é delicado”.

IDADE DOS PACIENTES REDUZIU

Os problemas tem afetado diversas faixas etárias. Segundo informações da equipe do Caps., logo no início da pandemia, os atendimentos eram mais procurados por idosos, assim com eles também eram o grupo maior de risco do vírus. De pouco tempo para cá, Marili conta que pacientes mais jovens têm sido atendidos pelos profissionais do Caps. “Idade de adolescentes até adultos com cerca de 50 anos”, conta ela.

As profissionais pedem, ainda, a atenção de toda a comunidade para os cuidados. “Temos que lembrar que nem todas as pessoas que contraem o vírus sentem os sintomas. Há muitas pessoas assintomáticas e isso é perigoso. Nós da equipe estamos fazendo atendimentos presenciais, mas tomamos todos os cuidados necessários. Os pacientes também pedimos para cuidar e, assim, também deve ocorrer com toda a população. Quem não está sentindo nada, também pode estar transmitindo. É momento ter empatia”, completa a enfermeira Marili.

Internações também aumentaram

Além dos atendimentos e monitoramento com a equipe, o que também sofreu um aumento significativa foram as internações. Antes da pandemia, Marili conta que o município realizava cerca de sete a oito internações pelo Caps. Nesta semana, a município tem 23 pacientes internados em hospitais da região, sendo a maioria com diagnóstico de depressão grave e dependência química. “Estas são as duas principais causas que fazem a internação ser necessária. Também temos pacientes com diagnóstico de esquizofrenia. Muitos casos que a gente acompanha se agravaram, assim como passamos a ter muitos casos novos. Muitas pessoas que nunca consultam com a gente, estamos nos procurando e pedindo ajuda”, conta Marili. Atualmente, a referência em internação para Parobé é o hospital de Três Coroas, no entanto, devido a demanda, há pacientes internados em diversos hospitais da região. “É preocupante, mas estamos buscando vaga e dando o maior suporte possível”.

MEDO DA VOLTA À ROTINA

Uma das situações diagnosticadas pela equipe do Caps é em relação aos pacientes que já foram contaminados pela Covid-19. A psicóloga Marlusa Grisa explica que muitos pacientes que passaram pelo isolamento, que já estão curados da Covid, enfrentam outros traumas e medos. E umas das grandes dificuldades é a de conseguir voltar a rotina. A colega Maiane complementa que essa volta “para a vida”, para muitos pacientes, exige um acompanhamento de profissionais. “Tenho percebido que o paciente fica com o medo de perder alguém da família, ou por já ter perdido, fica sequelas de depressão, esquecimento, grande medo de retornar ao trabalho, de voltar a ter uma rotina. Todos precisam trabalhar, mas se cria um bloqueio. Até então, isso era distante, agora começou a ser vizinho, familiar, e acaba criando um pânico, se torna cena de terror”. A enfermeira Marili reforça que todas as pessoas que estiverem se sentindo angustiadas, com pânico, medo, sem saber como agir, devem procurar ajudar. “O bom de que a demanda está crescendo, é de que vemos que as pessoas estão procurando ajuda. Elas não estão se sentindo bem, mas estão indo atrás dos médicos, estão pedindo socorro. Nós estamos aqui para ajudar, fazendo o possível e o impossível para isso”, disse.