A empresa Casu Calçados, dona da marca Di Cristalli, estava desde o começo do ano em tratativas com o Governo do Sergipe, para instalar uma unidade no município de Carira. No início deste mês, a Di Cristalli encerrou as atividades na cidade de Três Coroas, deixando 306 funcionários desempregados. A Companhia Estadual de Desenvolvimento Econômico (Codise), do Estado sergipano, confirmou as negociações ao longo deste ano.
Mais do que isso, uma manifestação obtida à pedido do Jornal Repercussão, ressalta que ainda existe um diálogo e, segundo a Codise, a empresa gaúcha segue interessada, mas espera um maior aquecimento da economia.
Em maio passado, inclusive, o governador Belivaldo Chagas chegou a cravar a Casu Calçados em Carira. Foram até divulgados números e projeções. Seriam 1 mil empregos em até três anos. A instalação seria em um prédio aonde ficava outra indústria do Paranhana, a Azaleia, de Parobé.
O Governo sergipano na época informou que estava previsto um investimento de R$ 3.989,520,22, para instalação da fábrica que, em um primeiro momento, ia gerar 380 empregos diretos. Nada disso aconteceu.
Já aqui no Vale do Paranhana, os funcionários da Di Cristalli, da Casu Calçados, ainda não quitou os direitos trabalhistas devidos aos pouco mais de 300 demitidos. Conforme o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados de Três Coroas (Sindisapateiros), Erni Rinker, somente foram pagos os salários antes do fechamento da empresa. “Eles tem um estoque de matéria-prima que deve ser vendida para pagar os processos. Mas tem que ser via judicial”, lamentou após reunião quinta-feira (28). A reportagem entrou em contato com a assessoria jurídica da Casu Calçados, mas não obteve um retorno até o fechamento desta edição.
Confira a nota
Confira a seguir a integra da nota enviada pelo Governo Sergipano ao Jornal Repercussão: O Governo do Estado de Sergipe informa que no início de 2019 a indústria calçadista Casu Calçados manifestou grande interesse em se instalar em Sergipe, mais precisamente na cidade de Carira. Porém, devido às condições de mercado, os empresários optaram em não firmar a expansão dos negócios naquele momento. Todas as tratativas em Sergipe estão sendo mantidas por meio da Companhia Estadual de Desenvolvimento Econômico (Codise), que frisa que o diálogo com a indústria calçadista se mantém aberto, e que a empresa continua tendo interesse no estado, mas aguardando um maior aquecimento da economia nacional.
Governador anunciou a empresa
O próprio governador do Sergipe, Belivaldo Chagas, durante passagem por Carira, no dia 17 de maio, confirmou a chegada da Casu Calçados. A informação foi divulgada por veículos de comunicação da região. Um dia antes, no dia 16, o grupo empresarial teria feito o anúncio. O prédio a ser usado seria o mesmo ocupado, anteriormente, pela Azaleia. A expectativa era que a detentora da Di Cristalli, gerasse cerca de mil empregos em três anos.
Fechamentos e direitos trabalhistas não quitados
- O encerramento das atividades da fábrica Di Cristalli em Três Coroas aconteceu na manhã da sexta-feira, dia 1° de novembro. Um total de 306 trabalhadores ficaram desempregados com o fechamento das portas. Os dados foram divulgados pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados de Três Coroas (Sindisapateiros). Em débito com os trabalhadores, os demitidos não perderam tempo e na manhã seguinte (2) foram até o prédio da unidade impedir que máquinas fossem retiradas do prédio da empresa na Rua Imperatriz Leopoldina, no Centro. A alegação era de que os equipamentos estavam sendo levados embora para venda, de modo que pudesse honrar com os pagamentos dos funcionários. Não foi informada qual a estratégia e a forma a ser adotada para isso. Diante a demissão dos mais de 300 funcionários, somente o pagamento daquele mês foi quitado. Os demais direitos ficaram para serem cobrados judicialmente.
- Ainda antes disso, em agosto de 2018, a fábrica de São Francisco de Paula, com mais de 300 funcionários, encerrou as atividades. A alegação na época era a necessidade de redução de custos para a centralização da produção na sede em Três Coroas, hoje também fechada. A unidade era a única fábrica calçadista naquele município da Serra e também a maior empregadora.
- Em nota divulgada a clientes, parceiros e colaboradores, a empresa comunicou que estava suspendendo suas atividades operacionais por prazo indeterminado. Reforçou ainda que com quase 20 anos de mercado no ramo de atividades calçadistas, sempre tem honrado compromissos financeiros e operacionais, sempre com responsabilidade perante fornecedores e colaboradores.