Delmar Backes: personagem importante em uma cidade centenária

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O município de Taquara tem diversas personalidades que, historicamente, contribuíram e contribuem para o seu desenvolvimento. E é impossível falar na cidade-mãe do Paranhana sem lembrar do professor Delmar Henrique Backes.

Conhecido por sua representação à frente das Faculdades Integradas de Taquara (FACCAT) e sua participação em inúmeras- e importantes – demandas nos vales do Paranhana e Sinos, o diretor-geral da Faccat concedeu uma entrevista ao Grupo Repercussão neste especial de aniversário de Taquara, falando sobre alguns pontos fundamentais no que diz respeito à educação, desenvolvimento da região e política, revelando se ainda pensa em encarar o desafio de pleitear um cargo partidário nos próximos anos. “O importante é, mesmo na política partidária, a pessoa ter uma visão muito honesta de desenvolvimento municipal e regional”, opina.
Confira o ponto de vista do professor sobre os assuntos na entrevista abaixo.

 

A cada dia que passa a Faccat se consolida como referência no ensino superior aqui na nossa região. A quais fatores o senhor atribui esse crescimento?
R: A Faccat é uma instituição comunitária. Existe para ajudar no desenvolvimento de regiões, através das pessoas. Esse é o objetivo de uma instituição de ensino superior como a nossa. Se o objetivo não é este, se o objetivo é financeiro, então a instituição comunitária não tem sentido. A educação nunca pode ser um negócio. Claro que são necessárias as verbas, tem que haver um ingresso de valores o suficiente para pagar todos os colaboradores, para haver verbas para reinvestir inclusive em termos de laboratório, a própria tecnologia, a manutenção de um Campus. Tem que ser um ambiente que cubra todas as necessidades para que haja qualidade e esse reinvestimento exige isso. Não é instituição de caridade, mas ao mesmo tempo, não visa lucro.

Como a Faccat é parceira das cidades para qualificar e incentivar o desenvolvimento de professores e da educação nas regiões que abrange?
R: Através dos cursos. Dos mais diferentes que se dá. Além dos de graduação e pós-graduação, outras qualificações que são ofertadas para a comunidade regional, a ajuda às empresas em termos de atualização e etc. A Faccat tem a preocupação do desenvolvimento da região, de um desenvolvimento permanente, temos isso muito presente e nós temos essa responsabilidade também. A gente vê que os municípios todos estão evoluindo e isso deve-se basear especialmente na educação, mas em educação com qualidade, eu insisto muito com isso. Se não tem qualidade, é complicado.

Por sua influência na região, não só pelo trabalho feito na Faccat, mas através do Conselho Regional de Desenvolvimento (COREDE) e todas as demais participações na evolução de assuntos importantes para os Vales, o assunto política sempre vem à tona. É um desafio que o senhor pretende encarar ainda?
R: Eu faço política há mais de 40 anos, mas a política na educação. No entanto, sempre é possível a gente mudar esse rumo se concentrando mais especificamente na política partidária. Nunca se pode fechar todas as portas. Nestes últimos anos todos em que foi ventilado o meu nome como candidato, eu sempre preferi a política em torno da educação e deixei de lado a partidária. Mas são coisas que a certa altura podem ter outro horizonte, sem dúvida nenhuma. O importante é mesmo na política partidária, a pessoa ter uma visão muito honesta de desenvolvimento municipal e regional. De seriedade. Eu não conseguiria ver a política partidária sem primar pela seriedade que deve existir na política. E isso não depende de partido ou posição, isso depende das pessoas que fazem política. A política é feita para pessoas. Se a política está bem, as pessoas estão bem. Se está mal, é porque as pessoas não estão fazendo o que deveriam fazer.

No que diz respeito ao desenvolvimento regional, o que o senhor avalia que precisa melhorar?
R: Não só no Paranhana, mas como em outras regiões, nós ainda temos um certo problema com a monocultura do sapato. Nunca podemos abrir mão da indústria calçadista, claro que não, pois ainda é o carro-chefe principalmente do Paranhana e parte do Sinos. A região das Hortênsias já é diferente, assim como o Litoral, que também é área de abrangência da Faccat, mas temos que aperfeiçoar. Essa monocultura do calçado não precisa ser substituída, mas são necessários acréscimos. Nós temos que diversificar a economia. O que aos poucos vai acontecendo, exatamente através do turismo, da tecnologia quando se fala das incubadoras, isso é para criar novas empresas. Dar oportunidades para os jovens para que não saiam da região, porque o nosso desafio ainda é trabalho e renda. Esse é o grande desafio. E um outro desafio nosso é que a inteligência artificial, com o avanço da tecnologia, e com a robotização, o trabalho de muitas pessoas deve ser substituído. Temos que pensar o futuro, preparando essas pessoas que ficarão à margem do mercado de trabalho, prepará-los para uma nova profissão, para uma nova atividade, se não nós teremos milhares de desempregados que não estarão preparados para nada mais, porque o trabalho braçal existirá por muito pouco tempo, com raras exceções. Temos que preparar as pessoas que não tiveram a oportunidade nem de completar um ensino básico, estes também devem ser buscados. Esse é o papel de toda a comunidade. Isso é papel de uma instituição de ensino superior, de todas as administrações municipais, Estado, do Governo Federal, de prepararmos todas as pessoas. E novas empresas de todas as áreas surgem a partir de iniciativas de jovens que vão sendo valorizados para serem empreendedores, porque é necessário, em qualquer área.

Qual é o seu ponto de vista do atual cenário político? Tanto no Estado quanto no Brasil?
R: O que eu mais acho que deve mudar é o radicalismo. O radicalismo na política não faz bem para ninguém e ele também não traz desenvolvimento. Na política temos que parar com a mania de tentar destruir tudo o que o anterior fez. Quer dizer, de quatro em quatro anos, ou de oito em oito parece que descobrem a roda. Não. Deve haver uma continuidade, nós temos que começar a trabalhar mais em projetos de Estado e não projetos de Governo que durem durante quatro anos e depois se modifiquem. Isso tem muito a ver com o radicalismo, tudo o que foi feito para o outro, tem que recomeçar, recuperar, salvar. Não. Tem que haver uma tranquila continuidade sem radicalismo. O radicalismo na política desgasta, inclusive os próprios políticos e tira deles a credibilidade. Em todos os níveis.