Defasagem na tabela SUS deixa hospitais da região em situação delicada nas finanças

Hospital Bom Pastor, de Igrejinha

Região – Os hospitais da região enfrentam uma situação financeira muito difícil. A defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), somado aos dois anos de pandemia, tem deixado as casas de saúde com déficit de milhões.

A defasagem entre os gastos e valores recebidos chega a R$ 8,5 milhões por ano no Hospital Sapiranga. Em Campo Bom, conforme levantado pela direção do Hospital Lauro Reus, em dois anos soma-se uma rúbrica de R$ 10 milhões, sendo que a diferença entre os gastos e recursos recebidos chega a cerca de R$ 400 mil por mês.

No Hospital Bom Pastor, de Igrejinha, o déficit em 2021 chegou a quase R$ 7 milhões. A receita SUS foi de R$ 17.038.294,01 e a despesa no total de R$ 24.001.356,43. Em Parobé, por exemplo, o Hospital São Francisco de Assis não repassou um montante total, mas a assessoria de imprensa confirmou a mesma realidade das demais instituições de saúde: os valores repassados pelo SUS não cobrem as despesas.

Recursos repassados pelas Prefeituras e emendas tem sido a salvação

Desde o início do Plano Real (1994), a tabela SUS e seus incentivos, por exemplo, foi reajustada em média 93,77%, sendo que o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do período foi de 637,07%. Para suprir a diferença, os hospitais tem contado com suporte das Prefeituras e emendas parlamentares. “O que viabiliza, economicamente falando, a realização dos atendimentos/procedimentos contratualizados com o SUS, é o aporte financeiro do município”, diz Leonardo Hoff, diretor do hospital de Campo Bom.

 

“Desequilibrou as finanças”

O diretor-administrativo do Lauro Reus calcula que os gastos cresceram seis vezes mais do que repassado pelo SUS. “O Hospital Lauro Reus, assim como todos, acabou de sair de uma pandemia, que exigiu 100% dos leitos e dos atendimentos para pacientes com Covid. Neste período, o hospital não conseguiu fazer atendimentos particulares e convênios, atendendo a legislação municipal, o que, em conjunto com o aumento de todos os custos hospitalares no período, desequilibrou as finanças, mesmo com o aporte complementar da Prefeitura, que não foi suficiente neste período para cobrir os gastos”. A direção solicitou mais aporte da Prefeitura e, paralelo a isso, junto ao Ministério da Saúde, existe uma demanda para aumentar o teto de repasses. Igrejinha e Parobé, “apresentam as mesmas dificuldades dos demais hospitais, sendo que hoje dependemos de emendas parlamentares de custeio para fechar as contas”, citou a assessoria dos hospitais.

PISO NACIONAL À ENFERMAGEM

Também causa preocupação das direções das casas de saúde o Projeto de Lei nº 2564, de 2020, que institui o piso salarial nacional dos profissionais de enfermagem. Se aprovada, a medida irá impactar as finanças dos hospitais de forma ainda mais preocupante. “Sem que haja compensação em aumento dos repasses do Ministério da Saúde, não adianta nem se preocupar com isso. É merecida a valorização dos profissionais, mas a situação é simplesmente falimentar. Não haverá possibilidade de continuidade dos serviços, pois dobram os custos de pessoal”, respondeu em nota, a assessoria dos hospitais de Igrejinha e Parobé.