Região – Uma polêmica, envolvendo um curso preparatório para atuação como bombeiro voluntário chamou a atenção nos vales do Sinos e Paranhana.
Através das redes sociais, a empresa Associação Humanitária do Corpo de Bombeiros Voluntários do Guarujá oferece um curso preparatório de 900 horas, cerca de um ano a um ano e meio de duração pelo valor de R$1.600,00. A divulgação mostra treinamentos em campo, manuseio de equipamentos, uso de uniformes e itens de segurança, tudo correspondente a uma escola preparatória.
As discordâncias surgiram quando alguns interessados passaram a questionar a empresa sobre a legalidade e validação do curso para atuação de bombeiro voluntário, socorrista ou brigadista. Aos interessados, a Associação Humanitária argumenta que o curso é válido. Entretanto, as corporações existentes na região, como o Corpo de Bombeiros Militar e também os Bombeiros Voluntários disseram que possuem cursos próprios e específicos de formação. Nenhuma das corporações da região conhece a atuação da empresa Associação Humanitária do Corpo de Bombeiros Voluntários do Guarujá, que tem origem na cidade do litoral paulista.
Instalação de bombeiros voluntários só é estimulada onde não há atuação militar
A Voluntersul é a entidade que representa os Bombeiros Voluntários no estado e não reconhece o curso preparatório oferecido pela AHCBVG. “Essa associação não tem vínculo com nenhuma das nossas unidades, tampouco esse curso tem validade para atuação de bombeiro voluntário em nossas unidades filiadas. Não temos conhecimento também sobre qual é a entidade certificadora destes cursos”, declarou o presidente da Voluntersul, Anderson Jociel da Rosa.
Sobre a possível instalação de uma unidade de bombeiros voluntários na sede da empresa em Sapiranga, o presidente reforça: “A Voluntersul não estimula o surgimento de unidades voluntárias em cidades que já possuem bombeiros. Em Sapiranga, existe o Corpo de Bombeiro Militar. Nosso Estado tem mais de 330 municípios que não possuem nenhuma corporação, nem militares, nem voluntários, nem municipais. Nós trabalhamos tentando suprir essa lacuna em cidades que não possuem corporações”.
EMPRESA DECLARA LEGALIDADE
Eric Henrique Santana dos Santos, que se apresenta como comandante Eric Scott, recebeu o Grupo Repercussão na casa onde pretende instalar a base operacional da AHCBVH em Sapiranga. O bombeiro, que declara ter mais de 60 cursos de especialização na área e estar capacitado para ministrar as aulas preparatórias, contrapõe. “Nossa documentação está tramitando na Prefeitura. Quando soube de denúncias, pensei como denunciam algo que não aconteceu”, questionou. “Estamos nos instalando, vamos trazer de SP equipamentos e colegas para realizar os cursos que estão dentro do sistema SCAB (Serviço Civil e Auxiliar de Bombeiro). Neste momento vamos dar os treinamentos e, depois disso, vamos ver a possibilidade de regularizar a Associação para prestar atendimentos à população”. Scott apresentou documentos que declara ser comprobatórios para a atuação no estado.
Sobre a validação do certificado do curso, ele apresenta o documento que entrega na formação dos seus alunos, com base na lei 63.058, de 2017, que regulamenta o atendimento de emergências no estado de São Paulo.
CBM Sapiranga
Através de uma nota oficial, o Corpo de Bombeiro Militar de Sapiranga se manifestou sobre o caso. “O CBMRS alerta a comunidade de Sapiranga e região que identificamos a realização de curso relacionado à atividade de bombeiros, veiculados nas redes sociais por pessoas que não possuem nenhum
tipo de vínculo com a corporação militar. Orientamos aos interessados em realizar treinamento e formação de bombeiro civil, brigadistas, socorristas, etc., para que procurem uma escola ou centro de treinamento devidamente registrado no Ministério do Trabalho e que tenham os equipamentos e suporte adequado ao ensino deste tipo de atividade. Além disso, sugere-se que seja analisado o histórico de cada instituição ou
empresa que está promovendo algum evento na área de formação de bombeiros,
a fim de verificar sua regularização perante os órgãos estatais competentes”.