Comunidade quilombola em Taquara: como se formou e como está atualmente

Representantes da comunidade no evento: Afro-Brasileiros: Reflexões Históricas E Culturais na Faccat Foto: Matias Grade

Há mais de 100 anos, um povoado instalado na localidade de Fazenda Fialho, no interior de Taquara, cultiva suas origens e mantém vivas as lembranças de seus antepassados. Formada pelas mãos de homens e mulheres, a Comunidade Remanescente Quilombola do Paredão Baixo está localizada a 19 quilômetros do centro da cidade de Taquara.
De acordo o estudo “NÓS ESTAMOS AQUI: Comunidade Quilombola Paredão Baixo de Taquara”, a memória da comunidade sobre a apropriação do território recua, ao final do século 19, logo após a abolição da escravatura, quando os negros foram sendo libertados. “Os escravos pertenciam à antiga Fazenda Fialho (daí o nome de Distrito da Fazenda Fialho), que tinha sua sede na divisa com o município de Gravataí. A consciência dessa antiguidade acaba reforçando a união necessária para a preservação das terras onde têm vivido seus ancestrais”, contextualiza o estudo, que foi elaborado pelos estudantes Andrea Regina Ramos, Greice Caroline Santellano, Maria Solange Bench e Matias Lorenzoni Grade, além das professoras pesquisadoras, Dalva N. Reinheimer e Elaine Smaniotto.
Atualmente, conforme o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Taquara, cerca de 60 famílias residem na comunidade. Porém, este número não é oficial, visto que não há um censo atualizado, o que seria feito no local quando iniciou a pandemia. Rafael Altenhofer, diretor geral da secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação, conta que apenas oito famílias estão catalogadas no cadastro único.

Prefeitura dá suporte para a comunidade

Diretor fala sobre demandas do local e o trabalho da Administração

Para entender a realidade e as necessidades do local nos dias de hoje, a reportagem do Grupo Repercussão questionou a direção geral do CRAS sobre aspectos que dizem respeito ao órgão. Altenhofer conta que recentemente uma demanda antiga da comunidade foi atendida. “A prefeitura tinha uma reivindicação de um container, que foi colocado lá para a comunidade depositar o lixo. Outro ponto que teve uma reclamação é com relação aos postes, fomos in loco verificar e são postes de madeira, como são a maioria no interior. Verificamos sobre a necessidade da troca de lâmpadas também e passamos para as obras, que iam providenciar essa manutenção”, revela.
Além disso, o diretor do órgão também declara que um recurso está sendo pleiteado pela Prefeitura de Taquara para auxiliar na reforma de duas residências da localidade. “É algo que estamos correndo atrás. Dependemos de uma verba, que não será do município, mas há esse trabalho sendo feito na busca por esse valor”, disse Rafael.
Famílias cadastradas no CadÚnico também recebem benefícios sociosassistenciais. No entanto, de acordo com Rafael, não são todas as famílias da localidade que necessitam desse auxílio assistencial.

Comunidade negra está distribuída pelo município nas chamadas “Áfricas”

De acordo com professora Dalva Reinheimer, docente do curso de história das Faculdades Integradas de Taquara (FACCAT), não há resgistro de outro quilombo na cidade, contudo, a comunidade negra está distribuída pelo município através das denominadas “Áfricas”.
Conforme explica a professora, estes grupos são “ruas ou quarteirões com moradores descendentes afros que residem nestes locais por gerações”, disse. “Estão instaladas em Taquara no bairro Jardim do Prado, outro junto à antiga linha do trem e também há uma vila nas margens do rio dos Sinos na divisa com Parobé”, contextualiza a professora.