Comentário: Parobé: indiretas já

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Os tempos hoje já são outros e a justiça eleitoral também. Não vai muito e os crimes eleitorais ficavam no esquecimento até serem julgados quando o mandato eletivo, pasmem, já havia até terminado. Ou seja: a justiça até chegava, mais tardiamente e sem qualquer eficácia. Político para perder mandato tinha de ser muito “azarado”. Enfim, evoluiu-se. Nisso a vida é constante e a justiça tem de se moldar à metamorfose.
A história de realização de nova eleição extemporânea, que não no período de costume, não é novidade por aqui. Aconteceu em Novo Hamburgo e recentemente em Ivoti, isso para se ater a municípios da região. Ouso afirmar que muitos outros casos haverão de aparecer, eis que os rigores da lei estão cada vez mais latentes.
O objetivo é conferir maior lisura e transparência aos pleitos. Ora, aquele que deseja se submeter ao crivo popular nas urnas para fazer uso da coisa pública, investido num cargo de administrador (prefeito, governador e etc.) ou de legislador (vereador e deputado), deve saber que para merecer o todo carece de assegurar o mínimo. O interesse público, portanto, deve suplantar o privado, ou seja: o seu. Nunca foi tão importante entender de gestão como agora, com os cintos apertados pela crise e os cofres raspados. Mais que um governante, o político tem de entender um pouco de mágica: da multiplicação do orçamento (de maneira lícita, obviamente).
O candidato deve encarar uma eleição de maneira límpida, então. Diria que o candidato a candidato até. O dinheiro público é coisa séria e eleição suplementar também. Sabem o motivo? Porque é dinheiro público que se vai pelo ralo para realizar o novo pleito. E quem ganha com isso, afinal? Respondo: a população que não é, por certo.
Noticiou-se da grande possibilidade de realização de eleição suplementar na cidade de Parobé. Não conheço do processo e mesmo que conhecesse não discorreria por razões éticas. Do que sei todos os senhores e senhoras leitores também conhecem. O que não deixa de surpreender é a possibilidade de se realizar uma eleição suplementar que dará a um novo prefeito a chance de fazer algum “milagre” em pouco mais (ou menos) de um ano. Sim, é só para tapar furo até o fim do ano que vem. Qual o sentido de se gastar dinheiro para realizar uma eleição nessas condições? Qual real e efetivo benefício a ser trazido à população?
O que só me leva a crer, afinal, que não basta a justiça ser mais eficaz. Ela também precisa entender de lógica. Eleição indireta é a lógica, pois.