Comentário: Os dois lados da moeda

 Primeiramente, sinto-me extremamente honrado em estrear nesta coluna, através deste incrível canhão de informações, esperando agradá-los minimamente acerca de reflexões e debates sobre temas contemporâneos. Ao que me diz respeito, não aprofundarei o debate jurídico, mas sim uma reflexão sobre o atual cenário de nossa sociedade sob esta ótica.
Vale hoje a Justiça a qualquer custo? Essa seria a Justiça? Viemos de tempos em que a sociedade está em crise, com desvalores éticos e morais. Mas devemos tratar a consequência ou a causa? Ao que vejo, com temeridade, a grande maioria da população requer a pronta atuação do Poder Judiciário na consequência, tão somente. Há cobrança por Justiça, pedidos de prisões, condenações perpétuas, penas de morte, mitigação de direitos fundamentais etc. Mas estas pessoas, caso estivessem no outro lado da moeda, assim gostariam da atuação do Estado? Não se está a defender impunidade, mas sim garantir a todos os mesmos direitos, tratamentos e aplicação do Poder Judiciário. Afinal, cá entre nós, francamente, muitos dos atuais moralistas são os que se desmoralizam em atos supérfluos, através do “jeito brasileiro” e, ao se depararem com sua própria cobrança, apenas pensam “para mim não, para ele sim, ele merece, o que fiz é pouco”.
A história já demonstrou que as principais tragédias mundiais se iniciaram com pequenas limitações aos direitos básicos, gradativamente, principalmente com ideia de falsa Justiça, de forma que, quando a sociedade toma ciência do estado crítico, não há mais tempo de voltar.
Sim, nossa sociedade detém inúmeras lacunas e problemas, mas, com tremenda humildade, penso que devemos evoluir de traz para frente e não ao contrário; devemos, inicialmente, refletir sobre nossas atitudes, sobre as causas dos atuais problemas para, então, alterar nossas balizas fundamentais junto ao Poder Judiciário, afinal, a moeda detém dois lados e, o direito deve valer para todos. Logo, não podemos permitir mitigações ou Justiça a qualquer custo sob pena de, indevidamente, tal tese nos prejudicar, ainda que futuramente, como pessoas individuais ou como sociedade, que se tornará autoritária.
Assim, passo a me despedir, não desejando fazer qualquer tipo de juízo de valor sobre o tema, apenas uma reflexão, de forma a iniciar um debate e concluir, de fato, a forma correta de solucionar os problemas atuais.

 

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