Comentário: Na quarentena

Momento registrado antes do período de quarentena Foto: Arquivo Pessoal

Na quinta-feira da semana passada, fui surpreendido com a notícia do cancelamento das aulas em toda a Galícia, região da Espanha em que estou vivendo. No dia seguinte, recebo a notícia de que seria decretado Estado de Alarme pelo governo espanhol e que todos os bares, cafeterias e restaurantes deveriam fechar as portas por tempo indeterminado. Naquele dia, às 23h, eu estava em um bar quando uma ambulância parou a uma certa distância e as pessoas acudiram à rua para verificar se não era uma viatura do exército que viria a garantir o fechamento dos inúmeros bares que existem na Travessia de Vigo.

A ordem era que as pessoas só saíssem de casa se fosse extremamente imprescindível. Como necessitava comprar mantimentos, no sábado pela manhã, fui até o Carrefour, um dos maiores supermercados de Vigo, cidade mais populosa da Galícia, e deparei-me com uma multidão de pessoas fazendo compras intermináveis e prateleiras, praticamente, vazias, inclusive eram poucas as unidades de pão. Ontem, entretanto, em uma nova ida ao supermercado, percebi que já começavam a reabastecer os estoques. Também, haviam marcadores da distância de um metro nos locais das filas para que as pessoas mantivessem essa distância segura para evitar o contágio.

Quando escrevo este artigo, decorrem-se cinco dias de quarentena, em que estou basicamente recluso em casa. Essa quarentena que mereceu medidas mais duras por parte do governo espanhol do último sábado à noite, uma vez que as pessoas, principalmente, em Madrid, ao invés de ficarem em casa, como determinado, lotaram parques e espaços coletivos como se não houvesse um amanhã e se não estivessem no epicentro de uma pandemia que pode ceifar muitas vidas e colapsar o sistema de saúde. Inclusive, o exército ocupou as ruas para que as pessoas cumprissem o determinado, além de, em alguns lugares, haver também o controle por drones.

Desde o fim da ditadura franquista em 1975, esta é a segunda vez que o Estado de Alarme é decretado na Espanha, o que mostra que o momento que estamos passando é muito sério. Por isso, quero alertar os meus compatriotas brasileiros que tratem a situação com muita seriedade, sem cair no pânico, contudo. Fiquem o máximo que puderem em casa, evitando aglomerações. Também, peço que não façam estoques de alimentos, pois isso pode só piorar a situação. Em suma, espero que saiamos todos juntos e unidos da situação. E isolamento é fundamental.