Comentário: Jeito feminino de fazer política, por Maria Eliane

A luta pelo direito das mulheres progrediu muito nos últimos anos, não só no Brasil, como em todo o mundo.

Há mais de 20 anos Parobé não elegia uma mulher para presidir a mesa diretora da Câmara de Vereadores. Em um município beirando aos 60 mil habitantes, apenas eu e uma colega vereadora, tivemos êxito no último pleito para ocupar as cadeiras do parlamento. Em 2018, tive a honra de ser a segunda mulher a presidir a Casa Legislativa.
Apesar de ser a maioria entre as eleitoras, inclusive em Parobé, ainda é muito tímida a participação das mulheres na vida pública.
A luta pelo direito das mulheres progrediu muito nos últimos anos, não só no Brasil, como em todo o mundo. Nas últimas décadas, a questão da representatividade feminina no ambiente político vem ganhando espaço nos debates públicos. Mesmo assim ainda estamos longe do desejado.
Muitas mulheres ainda não se sentem protagonistas no cenário político. Isso é resultado da falta de encorajamento e incentivo que nos é dado desde a infância. Ainda existem muitas dificuldades estruturais na sociedade, que não permitem que nós mulheres, tenhamos voz ativa nas tomadas de decisões políticas. Trata-se de uma exclusão histórica que traz consequências, e acaba refletindo na baixa representatividade feminina no governo.
Como mulher, mãe e trabalhadora, represento hoje como vereadora todas as mulheres. E esta é uma tarefa árdua, o qual pretendo fazer jus a todas, que por diferentes motivos ainda não se sentem preparadas para participar da vida política. Integrar e promover atividades que tragam estas mulheres até a Casa Legislativa é um dos meus objetivos como presidente da Câmara de Vereadores. Se a democracia é sinônimo de participação, é necessário que haja cada vez mais mulheres envolvidas na política local, a fim de ampliar debates sobre políticas públicas voltadas às mulheres.
Em um panorama mundial, o Brasil é um dos piores Países em termos de representatividade política feminina, ocupando o terceiro lugar no ranking da América Latina, na lista de menor representatividade de mulheres no parlamento. Percebe-se que este é um problema estrutural, já que os dados apontam que 51% dos eleitores brasileiros são mulheres.
Precisamos que as mulheres alcancem todas as esferas de poder do Estado de maneira igualitária, acabando com este abismo existente, que nos separa de decisões que impactam diretamente a nossa vida, uma vez em que estamos sempre à margem dos processos de criação de políticas públicas que possibilitem melhores condições de vida para todas.
Não existe uma sociedade justa sem igualdade. Não pode existir um parlamento que olhe por todos os cidadãos sem a presença das mulheres. Lugar de mulher é onde ela quiser, principalmente, na política.

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