Comentário: Amor, ética e dever

O amor e a ética sobrepõem-se ao dever. Temos que ceder a ele sempre que não há amor e ética e certamente essa é uma alternativa quando não há. Quando um filho não cuida de seus pais a justiça obriga-o a fazê-lo, quando há amor o faz por que deseja. No trem não precisaríamos de vagas para idosos ou gestantes se houvesse ética.

 

Vivemos a sociedade do dever e empilhamos códigos porque nos faltam ética e amor. O que temos a fazer é tentar levá-los a essa ordem calcada no dever, para que seja mais leve, menos mecânica. Quando conseguirmos vislumbrar um pouco de amor e ética em meio a essa sociedade do dever, perceberemos logo que se sobrepõem a ele, que não será abolido, mas se dissolverá diante de sua não necessidade (o filho que ama os pais não precisa ser obrigado a cuidar deles; pessoas éticas cedem seu lugar no trem).
Um de nossos grandes desafios está em desconstruir essa sociedade egoísta, de pessoas que olham apenas para si. Ao mudarmos essa realidade, percebendo que amor e ética, antes de serem virtudes, são necessidades para a sobrevivência humana, talvez corramos menos risco de extinção, porque numa sociedade em que não há esses dois elementos esse risco fica evidente. Precisamos, urgentemente, rever nossos pensamentos e atitudes, percebendo que ética e amor são pura liberdade. Se queremos ser livres de verdade, ter uma sociedade democrática em sua essência, precisamos trazer essas virtudes à tona, sob pena de nos afogarmos em códigos e mesmo assim vivermos numa sociedade violenta e miserável.
Marco Cassel é palestrante comportamental
palestrante@marcocassel.com.br