Banco de leite apenas em hospitais da Capital, mas pela região há programas de aleitamento

O leite materno para o bebê é de importância quase que vital, pois possui todos os nutrientes em proporções adequadas ao crescimento e desenvolvimento da criança, possuindo assim, papel significativo na redução das taxas de mortalidade infantil.

Nos casos em que a mãe não consegue amamentar ou quando o bebê não pode alimentar-se diretamente no seio da mãe (como em casos de bebês prematuros, que necessitam permanecer em UTI), a melhor opção é a obtenção do leite humano proveniente dos Bancos de Leite. A Rede Brasileira de Banco de Leite Humano é considerada a maior e mais complexa do mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo dados de 2016, dentre os 292 bancos de leite humano existentes no mundo, 72,9% deles estão no Brasil (213). As mulheres brasileiras foram responsáveis por 89,2% da coleta dos 1,1 milhão de litros de leite doados e beneficiaram 79,1% de todos os recém-nascidos atendidos nesses espaços, tornando o Brasil o país que registra o maior número de doadoras de leite humano do mundo.

Realidade dos bancos de leite humano no Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, os bancos de leite estão concentrados em Porto Alegre. Também em Santo Ângelo, Ijuí, Santa Rosa, Bagé e Rio Grande. Em Porto Alegre, os hospitais de Clínicas, o Fêmina, o Materno Infantil Presidente Vargas e o São Lucas da PUC-RS possuem bancos de leite, sendo que o referência é o banco da Santa Casa de Misericórdia. O Posto de Coleta do Fêmina, do Grupo Hospitalar Conceição, é referência para profissionais de saúde do Cone Sul em treinamento de pessoal e troca de informações técnico-científicas. A unidade faz a captação e a pasteurização do leite materno. O Banco referência, da Santa Casa, realiza a coleta, armazenamento e processamento do leite coletado. O local é aberto a toda comunidade. Qualquer mulher que esteja amamentando e que precisa ajuda neste processo ou que deseja doar seu excedente de leite pode procurar o banco, localizado no 1º andar do Hospital Santa Clara, junto à Maternidade Mário Totta. Atendimento diário das 7h às 12h e das 13h às 18h30, inclusive nos sábados, domingos e feriados.

Sem bancos de leite mas com programas de incentivo

Hospitais da região dos Vales do Sinos e Paranhana não possuem bancos de leite, mas programas de incentivo ao aleitamento materno. Parobé tem isso como diretriz por ser um hospital que faz parte da Rede Cegonha e é referência obstétrica da região.

Em Igrejinha, o Hospital Bom Pastor, trabalha o aleitamento no programa de pré-natal do município, que é feito pelo hospital. Já em Três Coroas, praticamente não há partos, portanto, nenhum programa de aleitamento é desenvolvido.

Leite materno ofertado para bebês internados na UTI

Em Sapiranga, o hospital também instituiu um programa de incentivo ao aleitamento materno, que ensina as mulheres a ofertarem o peito da melhor maneira ao bebê, evitando dores e pega errada. O Hospital também oferta o leite da mãe aos bebês internados na UTI Neonatal. As mães retiram o próprio leite, que depois é destinado ao filho. Em Campo Bom, o projeto Sala de Espera Doando Amor acontece no Centro Materno Infantil., com o objetivo de orientar os benefícios do aleitamento.

Rede Cegonha é programa instituído no âmbito SUS

A Portaria 1459, de 2011, intituiu a Rede Cegonha, no âmbito do SUS, composta por um conjunto de medidas para garantir a todas as mulheres, pelo SUS, o direto ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada na gravidez, parto e puerpério, bem como à criança, o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento até os dois primeiros anos. Para garantir atenção à saúde das crianças, é promovido o aleitamento materno.

Orientação durante pré-natal e puerpério no Bom Pastor em Igrejinha

O Hospital Bom Pastor, em Igrejinha, desenvolve programas de esclarecimentos às gestantes. São oferecidas orientações às gestantes durante o pré natal e também no curso de gestante, que é mensal e periodicamente trata do tema amamentação.

Cursos oferecidos pela casa de saúde orientam futuras mamães

Os procedientos são realizados desde que, no fim de 2015, iniciou o Programa Nascer Bem. Em agosto – durante o agosto dourado, mês da amamentação – o hospital distribuiu um folder incentivando a prática.

O Bom Pastor atende, em média, 345 pacientes por mês entre gestantes e puérperas. “Na consulta de puerpério também verificamos como está a amamentação, além de mais esclarecimentos e orientações às mães”, explica Jurema Bastos da Silva Neta, enfermeira responsável pelo desenvolvimento do programa.

Jurema já participou de curso de consultoria em aleitamento materno, voltado aos profissionais de saúde, realizado em São Paulo, pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa (Gama). O GAMA fornece a gestantes e profissionais produtos e serviços que ajudem a promover uma atitude saudável e consciente em relação ao ciclo da gestação, parto e pós-parto. Entre seus princípios estão o incentivo ao parto normal e natural, e à observância das recomendações da Organização Mundial da Saúde e ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e misto até 2 anos de idade ou mais.

HSFA, em Parobé, desde 2016 intensificou ações de assistências às mães

Ações para promoção e proteção do aleitamento materno

Em Parobé, o Hospital São Francisco de Assis é referência no serviço de obstetrícia para os municípios de Parobé, Igrejinha, Três Coroas, Riozinho, Rolante, São Francisco de Paula e Cambará Sul. A Casa de Saúde integra a Rede Cegonha e realiza uma média de 130 nascimentos por mês. Desde 2016, segundo a enfermeira responsável, Marcia Ganzer, o hospital intensificou as ações para garantir assistência às mães e aos bebês inclusive na promoção e proteção do aleitamento materno exclusivo. Entre as estratégias está o Time Pró-Amamentação, grupo multiprofissional, formado por 22 funcionários (técnicos em enfermagem, enfermeiros, obstetra, pediatra, psicóloga, nutricionista e administrativos). O grupo foca no incentivo ao aleitamento materno exclusivo do recém-nascido (RN), a partir de indicadores que evidenciam a diminuição da mortalidade infantil, trazendo benefícios para vida toda do bebê e fortalecendo o vínculo mãe-bebê. As ações incluem treinamentos periódicos das equipes atuantes, cursos de gestantes, seminários e também os encontros do grupo de mães dividindo experiências da maternidade. As primeiras ações acontecem logo após o nascimento, ainda no centro obstétrico. A hora de ouro é a primeiro momento após o nascimento, no qual o bebê já é estimulado a sugar no peito da mãe, em contato pele a pele.

Sapiranga e Campo Bom promovem aleitamento materno via programas

Grupo desenvolvido no Centro Materno Infantil em Campo Bom

O Centro Materno Infantil, de Campo Bom, desenvolve o projeto Sala de Espera Doando Amor, para orientar sobre os benefícios do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses. O grupo oportuniza a troca de saberes dos pais com os profissionais da saúde. Um importante objetivo é, segundo a autora, Márcia Sant’Anna, diminuir a internação dos bebês por desidratação, baixo peso ou infecções. O encontro com os familiares acontece toda semana, quando o recém nascido é levado para a realização da vacina da BCG. “Com o grupo, observamos que as puérperas tiveram boa interação, com dúvidas e perguntas. Este espaço oferta ao bebê carinho e amor e conforto e segurança aos pais”, pontua Márcia.

Já em Sapiranga, o Hospital, com uma equipe capacitada, promove, apoia e incentiva a amamentação. Conforme a fonoaudióloga e consultora em amamentação da Casa, Magela Rosa Paz, a equipe entende que nem sempre a amamentação é fácil. “Por vezes pode ser difícil e doloroso, mas com afeto e encorajamento, tentamos, aqui no hospital, tornar esse momento o melhor possível.
É muito gratificante ver a alegria das famílias, dos médicos e dos profissionais da enfermagem quando vemos a conexão de amor entre a mãe e o seu bebê”, destaca.

Texto: Sabrina Strack

Fotos: Divulgação