Atividades que mantêm vivas as memórias culturais

Grupo de bolão Dragão de Igrejinha, em 1963 Foto: Acervo/Erni Enguelmann

Igrejinha tem na sua essência a preservação de atividades que há anos reúne grupos de amigos e praticantes e que até hoje carregam o nome da cidade pelos mais diversos cantos. Assim como a memória de locais que recebiam tradicionais festas da sociedade igrejinhense.
Os exemplos são diversos: bolão e grupo de atiradores que ainda existem e mantém vivas as tradições, além dos já extintos corais de homens, que se apresentavam não só na cidade como pela região.
Sobre o clássico bolão (na foto, o grupo de bolão Dragão de Igrejinha, em 1963), o volume III do livro A Saga dos Alemães, do Hunsrück para Santa Maria do Mundo Novo, de Erni Guilherme Engelmann, destaca que “ainda hoje, aqui na região do Vale do Paranhana, os jogos de bolão reúnem grande número de adeptos em simples brincadeiras ou mesmo em participações oficiais de torneios e campeonatos, inclusive interestaduais”.
A obra ainda reforça que um dos principais objetivos do esporte na época era “divertir e entreter seus integrantes. O humor é sua constante. Surgem ali, naquelas reuniões, anedotas envolvendo conhecidos, histórias e fatos hilariantes. E, assim, com o intuito de contribuir para a diversão daqueles que já foram jogadores de bolão, daqueles que ainda jogam ou dos que, de alguma forma, acompanharam membros destes grupos (…)”, retrata o livro.
Com relação aos atiradores, Erni conta que existiam os grupos que praticavam essa atividade especialmente no Ano Novo e que é uma tradição antiga, no entanto, foi proibida mais tarde. “Eles deflagravam aquele canhão e escapava da mão deles, aí eles tentavam segurar ou deixavam voar longe e juntavam depois”, explica Engelmann, ao relembrar como aconteciam os atos. “Virou uma coisa bem perigosa, isso depois foi proibido porque tinha muita gente por perto e tinha esse perigo de pegar em alguém”, finaliza.
Ao citar o coral de homens, o historiador conta que era uma tradição encantadora. “A vontade deles de cantar e de manter o coral era uma coisa muito elogiável”, exalta.
De acordo com Erni, estes grupos surgiram, em sua maioria, através das sociedades e eram compostos por homens porque na época as mulheres não podiam participar. “O público feminino não tinha esse direito de cantar em corais. Depois as mulheres começaram a cantar através da Ordem Auxiliadora de Senhoras da Comunidade Evangélica de Igrejinha. Cada comunidade, por volta de 1930, passou a ter um coral de mulheres também”, relembra.

Antigo salão da Voluntária

Foto: Acervo/Erni Enguelmann

Hoje ele já não existe mais, mas o salão da Voluntária foi palco de muitas festas da comunidade e é lembrado com carinho até hoje. Conforme Erni, o salão ficava localizado na bifurcação das estradas para Serra Grande e Voluntária, em frente a casa da tradicional família Bender. “Eles que mantinham o espaço aberto na época. Ainda tinha ecônomo, no domingo eles iam lá jogar carta, mas logo depois foi interditado”, conta. Nos anos 90 do século XX, segundo Erni, a sociedade foi desmoronando, “pois não aguentava mais o peso das telhas. Como havia um eminente desastre anunciado, resolveram demoli-la e construir uma nova de alvenaria. Fizeram muitas rifas e promoções, mas a nova sociedade não passou da base de seu alicerce”, lembra.