Associação de prefeitos discute vinda de novos pedágios para o Vale do Paranhana

Audiência pública ocorreu na Faccata na última quinta-feira, dia 8. Foto: Matheus de Oliveira

Região – A instalação de novos pedágios no Vale do Paranhana foi tema de uma audiência pública realizada na última semana em Taquara. Prefeitos, deputados e lideranças da região estiveram presentes e manifestaram contrariedade à proposta do Estado. A principal reclamação se deu em razão da falta de diálogo do Executivo gaúcho, que, segundo os prefeitos, não consultou municípios antes de elaborar o pacote de privatização das rodovias estaduais.

O projeto do governador Eduardo Leite prevê a concessão de 1.131 quilômetros de rodovias estaduais à iniciativa privada, o que deve garantir investimentos na ordem de R$ 10,6 bilhões em 30 anos. Para executar a proposta, o estudo técnico feito pelo Estado apontou a necessidade de novos pedágios e a transferência de praças já existentes para outros pontos. Para a região o projeto sugere a transferência do pedágio de Campo Bom para Parobé; e a instalação de duas praças de cobrança na ERS-020 — uma em Igrejinha e outra em Morungava. Todas teriam tarifa mínima superior a R$ 5,25.

“Se o governo conseguir efetivar essa ação, de seis municípios que temos na região, cinco terão pedágios, então nossa comunidade do Paranhana vai ficar ilhada”, ponderou o prefeito de Parobé e presidente da Ampara, Diego Picucha.

Presidente do corede considera momento inoportuno para discutir a vinda de novos pedágios
Presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede), Delmar Backes considerou que a proposta deveria ser discutida em um pós-pandemia. “O povo é que vai fazer esse investimento e o estado impõe de uma forma como se ele tivesse razão total. Quem deve organizar isso são as pessoas da comunidade, que realmente vão bancar esse projeto, que veio num momento completamente errado”, destacou.

Ampara rejeita proposta, mas apresenta alternativa
A Associação dos Municípios do Vale do Paranhana (Ampara) rejeita a atual proposta do governo gaúcho, mas sugere uma alternativa: a manutenção do pedágio em Campo Bom e a instalação de uma nova praça na ERS-239 em Riozinho. A ideia tem aprovação unânime entre todos os prefeitos. A proposta é que o trecho entre Riozinho e Maquiné seja incluído no pacote de privatizações para que os 35 quilômetros de chão batido sejam asfaltados, tendo como contrapartida a cobrança da tarifa no município.

“Estamos propondo ao governo do Estado que é mais viável ter uma rota por Riozinho e não continuar na ERS-474, em que todo verão é aquele transtorno de viabilidade ao litoral. Também seria uma rota turística”, pontuou o vice-prefeito do município Guilherme Wilborn.

Em relação às cobranças na ERS-020, os prefeitos afirmam que, para garantir investimentos e manutenção da estrada, seria razoável a instalação de uma praça ao invés de duas. O local, no entanto, não é apontado pelos gestores.

Deputado se compromete a lutar para que o planejamento do Estado não saia do papel
O deputado estadual Issur Koch (PP) entende que o governo erra na maneira de conduzir a discussão sobre as privatizações.

“Um projeto que vai atingir o bolso do consumidor gaúcho, já muito abalado com uma das mais altas cargas tributárias do país, e um projeto que vai nos atingir por 30 anos, com um prazo de discussão de 30 dias é muito injusto. Nosso papel enquanto parlamentar e representante do povo é garantir que nós tenhamos o maior prazo de diálogo e a minha tentativa principal é que esse plano não saia do papel”, afirmou.

O parlamentar defende que a Assembleia Legislativo do Rio Grande do Sul fez seu papel aprovando medidas de enxugamento da máquina para que o Estado tivesse recursos para investir, e que a cobrança de novas taxas com pedágios seria pagar a conta duas vezes.

“Agora é a hora do governo dar o retorno para a sociedade em forma de investimentos sem a cobrança de pedágio”, diz sobre as medidas.

Falta diálogo
Também presente na audiência pública, o deputado estadual Eduardo Loureiro (PDT) disse que, como presidente da Comissão de Assuntos Municipais da assembleia, tem ouvido de todas as regiões que o maior problema é a falta de diálogo. “O
descontentamento é muito grande em função do projeto divulgado pelo governo, que não atendeu as expectativas das comunidades. O governo acabou elaborando um plano, tomando certas decisões, mesmo que diga que não é definitivo, sem a participação da sociedade”, expressou.

Diego Picucha, prefeito de Parobé
“Não tem lógica nenhuma pelo fluxo que existe em Campo Bom estar transferindo um pedágio de lá pra cá. Também somos contra a instalação de dois pedágios na ERS-020.”

Marquinhos Pretto, prefeito de Riozinho
“A ideia do povo riozinhense é fazer com que a RS-239, no trecho que liga Riozinho a Maquiné, seja implantado no plano de concessão do Estado para que o dinheiro do pedágio seja investido lá.”

Leandro Horlle, prefeito de Igrejinha
“A decisão que tomamos na Ampara e que é unânime entre todos os prefeitos é a contrariedade da mudança do pedágio de Campo Bom na RS-239 para Parobé. Entendemos que o local adequado é fora do nosso vale.”

Sirlei Silveira, prefeita de Taquara
“Os pedágios e as concessões já estão estabelecidas. Nós precisamos amenizar o impacto para nossa região. Como amenizarmos o impacto para nossa região: não tendo dois pedágios na RS-020 já é um impacto menor.”

Pedro Rippel, prefeito de Rolante
“Quando fui prefeito, há oito anos, se ventilava já essa ideia de trazer o pedágio pra cá e a gente bateu muito contra. A Ampara sempre foi contra porque achamos que não vai acrescentar em nada. Pelo contrário.”

Alcindo de Azevedo, prefeito de Três Coroas
“Os prefeitos não foram consultados em nenhum dos municípios. A nossa luta é que o pedágio permaneça onde está, que não deixemos o pedágio vir para Parobé pra dificultar mais ainda para o nosso trabalhador.”