Rodeado pelos rios Areia e Rolante, o município de Rolante tem em sua história marcas de episódios que serão lembrados para sempre pelos seus moradores. Se por um lado a população e turistas desfrutam de suas águas no verão, por outro, em períodos de chuva, os cidadãos rolantenses vivem a angústia de reviver acontecimentos como o do dia 05 de janeiro de 2017.
Classificada como um desastre natural por Igor Tieres, historiador e coordenador do Museu Municipal, a enchente foi ocasionada por deslizamentos causados pelo alto volume de precipitação pluviométrica, “fizeram com que as coberturas das encostas das elevações praticamente se liquefizessem e atingissem o leito do rio Mascarada recebendo uma enorme quantidade de dejetos orgânicos e, principalmente, sedimentos, em diversos trechos”, conforme descreve Tieres, no livro Raízes de Rolante. A publicação ainda informa, que de acordo com dados disponibilizados pela Prefeitura de Rolante na época, foram atingidas 2.312 famílias e 644 propriedades, em 1.500 hectares de terra.
Contudo, não foi apenas 2017 que deixou marcas. Segundo o historiador, outras duas enchentes históricas também entraram para a história do município: em 1982 e 1985. “A de 1982 dizem que foi a maior. Inundou todo o centro. Algumas casas foram prejudicadas. Nesta também, há relatos que tinha um circo ali perto do ginásio, que tinha o terreno mais baixo, depois aterraram e foi levantado, mas ali tinha um circo. Aí quando deu aquela enchente, o circo foi embora. A estrutura foi levada pelas águas”, conta Igor. Registros históricos dão conta de que moradores da localidade do Passo do Rolante viram pedaços sendo carregados pela água. Entretanto, após este episódio, nunca mais se ouviu falar do circo.
Da devastação à solidariedade
Um fator fundamental durante as horas que sucederam a enchente de 2017 foi a solidariedade. Igor relembra que o acontecimento desencadeou uma série de demonstrações de ajuda, que foram essenciais para a população rolantense dar a volta por cima. “Donativos para doação foram recebidos no salão paroquial Cristo Rei, aqui no Centro. O Exército foi encaminhado para ajudar, veio também a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA Brasil), uma organização não governamental (ONG) que mandou um ônibus lá de São Paulo. O veículo era equipado para lavar roupas, além de ter um espaço para fazer comida quente e outro para prestar atendimento psicológico. Todos os que estavam aqui prestaram um serviço voluntário”, conta.
Naquele ano, devido à gravidade dos fatos, o município também recebeu a visita do presidente em exercício Michel Temer, que recebeu das mãos da administração da época, demandas consideradas cruciais para o município conseguir se reerguer após toda a destruição causada pela lama.
Alternativas estão sendo pensadas pela administração
Ao Grupo Repercussão, o Prefeito de Rolante, Pedro Rippel, revela que está sendo elaborado um projeto que compreende a execução de um trajeto de 2km, que servirá como uma saída da cidade, em situações de enchentes. “Uma das maiores preocupações que temos aqui na cidade é quando acontecem essas chuvas e acaba alagando a cidade, nós ficamos sem saída e sem entrada no município”, conta. “Acabamos ficando ilhados. Então estamos criando um projeto que é um caminho de fuga para enchente do município, que sairá no bairro Imocasa. Será uma parceria com o Estado. Estamos trabalhando em cima do projeto, para elaborar ele e depois encaminhar junto à secretaria de Transportes para buscar o recurso e poder executar esse desvio”, detalha.
De acordo com o chefe do Executivo, este trajeto será asfaltado “inclusive com uma ciclovia junto, iluminação pública e com algum mirante também, para aproveitarmos a questão turística do nosso município e principalmente então essa rota de fuga, que vai ser muito importante para que a população de Rolante não fique ilhada”, disse.