Artigo de opinião: Ricos cada vez mais ricos

Calma (!), não estou falando de quem tem uma ou algumas belas casas, um carrão e uma vida confortável. Falo do 1% mais rico do Brasil que, em plena pandemia, passou a controlar metade (é isso mesmo, metade) da riqueza do Brasil. Quer dizer, enquanto milhões de pessoas passam fome, sofrem e centenas de milhares perderam a vida, 40 novos brasileiros entraram para a lista de bilionários da Forbes e aquele 1% ficou ainda mais rico. Quem diz isso é o Global Wealth Report 2021 do Banco Credit Suisse.

 

Para se ter ideia do gigante salto, em 2019 eles tinham 46,9% da riqueza e, em apenas um ano, “abocanharam” mais 3,1%. Esse quadro garante ao Brasil a permanência no funesto grupo dos países mais desiguais do mundo. Aliás, desigualdade e subdesenvolvimento andam sempre abraçados: abraço de ferro do qual não parece ser fácil se libertar. Apenas para comparação, nos EUA o 1% mais rico detém 30,4% da riqueza. Já na Alemanha, 50% do capital fica nas mãos de 10% da população, e não apenas de 1% como é no Brasil.

Outro dado que o relatório do Credit Suisse traz é que há um forte movimento de concentração da riqueza no mundo todo. Acerta quem diz que esse é o resultado da financeirização da economia que produz cada vez mais especulação, da transferência para o conjunto da população, das crises e falências de grandes empresas de finanças. Claro, o enfraquecimento dos Estados garroteados pelas finanças mundiais também colabora para isso.

Onde isso vai parar? O que pode parar esse processo? Resposta difícil, mas totalmente necessária – porque um sistema que condena milhões e milhões de pessoas à fome, enquanto um punhado aumenta sua riqueza, não é justo, não é ético, não é humano e não é sustentável. A taxação de grandes fortunas é cada vez mais uma necessidade social a nível mundial.

Tarcisio Zimmermann foi prefeito de Novo Hamburgo, deputado Federal e Estadual