Artigo: “Da felicidade”, por Marco Cassel

Marco Cassel – palestrante@marcocassel.com.br

Qual o conceito de felicidade? O que é felicidade? A resposta a essa pergunta talvez tenha que ser respondida da mesma maneira que Santo Agostinho respondeu sobre o tempo – “Que é, pois o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; se quero explicá-lo a quem me pede, não sei”.

Desde a antiguidade tenta-se explicar a felicidade. Para os gregos “Eudaimonia” (mistura de sorte, prazeres mundanos e intervenção dos deuses), para os epicuristas, o prazer moderado, os estoicos tinham uma opinião semelhante, mas eram muito mais rigorosos, para os hedonistas é o próprio prazer. E assim vamos seguindo pela história…cristãos antigos diziam que a felicidade estaria “apenas” na vida após a morte e que a vida na terra era sofrimento, depois Tomás de Aquino disse que poderia haver uma felicidade terrena que chamou de imperfecta e a felicidade plena no paraíso, chamada por ele de perfecta.

Mais tarde, no Iluminismo, essa opinião começou a mudar, passou-se a considerar a felicidade algo mais humano, menos dependente de Deus, visto que as cidades começaram a prosperar, a ciência desenhava-se com mais força, o ser humano estava mais confiante em si mesmo (até beirar a soberba). Nesse contexto o ser humano começou uma caminhada um pouco diferente, apostando mais em si para a conquista da felicidade, e na medida em que as invenções foram surgindo, as pestes diminuindo, em função das descobertas científicas, fomos colocando nos prazeres terrenos e nas melhores condições de vida a nossa busca por ela.

Há uma tendência, atualmente, de buscarmos a felicidade em coisas fugazes, na alegria passageira, o que a torna fugaz. Se perguntarmos para muitas pessoas um sinônimo de felicidade dirão: alegria, vida boa, dinheiro, saúde. Penso que tudo isso pode fazer parte da felicidade, mas o melhor sinônimo para ela é paz.

Felicidade é um estado de plenitude da alma, paz interior, tranquilidade interna que não exclui momentos tristes, mas que possui um equilíbrio tal que compreende a inconstância da vida e a grande escola que ela representa. Não sei se é possível ao ser humano, como dizem os estoicos, suportar inclusive a tortura e não se deixar abalar. Isso me parece muito difícil, mas deixando o radicalismo de lado há certa verdade nisso, pois a felicidade é um “não se abalar exageradamente diante das dificuldades”, mas compreendê-las como inevitáveis, muitas vezes, buscando, certamente, sem problema algum e com afinco, momentos alegres, agradáveis e prazerosos durante a vida. Felicidade também é equilíbrio.