Agricultura sofre com efeitos da escassez de chuva e igrejinhense expõe perdas nas plantações no verão

Agricultor exibindo as espigas de milho visivelmente afetadas pelas altas temperaturas Foto: Lilian Moraes

Calor intenso e pouca chuva: uma combinação nada agradável que tem causado prejuízos nas lavouras das mais diversas culturas.
Em Igrejinha, conforme laudo sobre a estiagem na cidade, organizado pelo Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar (entre 10 de dezembro de 2021 e 13 de janeiro de 2022), foi registrado um prejuízo de aproximadamente um milhão e meio de reais para os produtores locais, com cultivos que variam entre milho, soja, feijão, aipim, batata-doce, folhosas, entre outros. Todos danificados pela estiagem.
Para Gilson Blume, agricultor do município, embora a chuva na última semana tenha contribuído para uma moderada melhora no processo de desenvolvimento do milho, calcula-se que 46% da produção seja perdida. “Nós investimos bastante nessa área. Conversei com o fornecedor das sementes e ele deduziu um potencial de 150/160 sacos por hectare, se fosse um período normal, com chuvas. Eu também acredito que teria esse potencial. Hoje nós estimamos que tenha uma colheita de 70 sacos, talvez 80, mas só vamos ter a certeza colocando a máquina na terra e colhendo”, conta Blume.
Além do milho, o agricultor  também registrou perda na soja. No total, a família Blume possui plantações de diversas culturas em 49 hectares distribuídos por Igrejinha, Parobé e Nova Hartz.

“Nós ainda estamos satisfeitos, tem gente que não vai colher nada”, cita Gilson

Apesar da perda, o agricultor ressalta que a família ainda está contente por não perder toda a plantação. “Em comparação com as lavouras que tem no Estado, nós ainda estamos satisfeitos. Tem gente que não vai colher nada”, lembra Gilson, que é corroborado por Ana Trentin, Engenheira Agrônoma da Emater/RS Ascar, de Igrejinha.
No Rio Grande do Sul, o Boletim Evento Adverso n.º 2, divulgado pelas Gerências de Planejamento e Gerência Técnica da Emater, já são mais de nove mil localidades e mais de 253 mil propriedades impactadas pela estiagem, além de cerca de 21 mil famílias com dificuldades de acesso à água.

Previsão de chuvas

Conforme o Boletim Agrometeorológico Decendial n.º 2, desenvolvido pelo Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS) da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), no período entre 24 de janeiro a 7 de fevereiro de 2022, haverá uma diminuição da temperatura e ocorrência de chuva na maior parte do Rio Grande do Sul. “Nas próximas semanas, a passagem de duas frentes frias provocará chuva na maioria das regiões com possibilidade de temporais isolados e totais expressivos em alguns municípios, principalmente na Metade Norte”, aponta o documento.
O deslocamento dos sistemas meteorológicos deve ocasionar ainda o aumento da umidade do solo, principalmente nas faixas norte e nordeste.

Fatores assinalados

Ana pontua fatores que dificultaram ainda mais o momento crítico vivido pelos agricultores. “Nós tivemos um agravamento de perdas devido à alta dos preços dos adubos, que fez com que quem replantaria ou plantaria o milho do tarde, no mês de janeiro, diminuísse os plantios com medo da falta de chuva (…) de maneira geral, vemos perdas consideráveis na cana, nas pastagens, no aipim, etc. O crescimento vegetativo está pela metade do que deveria estar na mesma época do ano”, pontua a engenheira.
Na foto, é possível perceber uma plantação de cebolinha, severamente atingida pelo calor.