Em Igrejinha, embora não seja o único agricultor que planta soja, Gilson Rudinei Klein Blume é um dos produtores que encara os desafios de se cultivar o grão. No total, a família Blume possui 60 hectares de soja plantados, sendo 40 de sua propriedade.
Segundo Blume, uma semana de calor que atingiu a região em janeiro afetou o desenvolvimento do grão. “A alta temperatura fez com que a semente ficasse leve. Esse é o principal fator de produtividade que nós vamos ter de perda esse ano. O rendimento vai estar no peso do grão e para ele ficar como é necessário precisa ocorrer tudo bem no processo de evolução da planta”, comenta.
O agricultor ressalta que ainda é cedo para apontar uma projeção de colheita, no entanto, a expectativa da família é de que seja de 25 sacos por hectare, que serão comercializados.
Um informativo conjuntural, produzido e divulgado na quinta-feira, 24, pelas gerências de Planejamento e Comunicação da Emater/RS-Ascar, vinculada à secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, aponta que no Rio Grande do Sul a colheita da soja avançou para 14% das plantações, concentradas em sua maioria nas regiões norte e noroeste. 34% ainda estão em maturação, 44% em enchimento de grãos, 7% em floração e resta apenas 1% ainda em germinação e desenvolvimento vegetativo.
Prefeitura ajuda
Ainda que não necessite da patrulha mecanizada disponibilizada pela Prefeitura de Igrejinha aos agricultores, Gilson comenta que recebe o auxílio da Administração para o transporte de esterco, recolhido de um aviário em Serra Grande e que serve de adubo para as suas terras. “Além de Igrejinha, recebemos ajuda também da Prefeitura de Nova Hartz, que contribuiu com alguns serviços que precisamos nas terras em que plantamos lá, mas principalmente trazer esterco, como formas de uma adubação. Temos uma parceria com eles. Quando nós não conseguimos fazer esse transporte, a Prefeitura traz”, cita Blume.
Preocupação com a próxima safra
- A possível falta de insumos para a safra do próximo ano preocupa Gilson. De acordo com o produtor, a pandemia e a guerra na Ucrânia devem refletir na distribuição de produtos essenciais para a produção de 2023, o que também pode impactar no preço dos alimentos.
“Estamos fazendo a colheita hoje pensando em possibilidades de reduzir o custo de produção. Temos que considerar os valores de semente, adubo, combustível e a cada ano estamos vendo que a margem de lucro está diminuindo. Então consegue se salvar quem pensa uma estratégia ou de reduzir custo, ou de melhorar a área para produzir mais naquele mesmo espaço. É um dilema bastante complicado”, avalia. “Como as safras são anuais, o efeito pode ser sentido daqui a alguns meses, não é imediato. Na prateleira do mercado o alimento vai mais caro, porque é um efeito bola de neve”, complementa Blume.