A ficção como caminho para passar pelos dias difíceis

Professor Luiz e sua filha, Isabella, de 11 anos, fiel companhia durante o isolamento Foto: Arquivo pessoal

Taquara – “Quem canta seus males espanta” diz a máxima, mas nem só a música tem esse poder. Para o professor de português Luiz Haiml, se lançar de corpo e alma à escrita de ficção é o caminho para fugir das intempéries da vida. A dedicação do docente da rede pública de Taquara rendeu publicações em antologias recentes.

Os últimos meses foram difíceis. São capítulos como o falecimento de seu pai, aos 93, vítima do coronavírus no fim do último ano, somado à perda de dois animaizinhos de estimação e ao isolamento social que dão alicerce aos “dias pesados”, como ele classifica. Em meio a tantas linhas tortas, a retomada de contos guardados nas gavetas e escrita de novas histórias foram saídas encontradas. No total, seis textos serão publicados em diferentes coletâneas.

Histórias se misturam com lembranças pessoais
O texto Close to You, classificado na antologia Ventos no Arco-Íris, é de temática LGBT e é um tema “interessante de trabalhar”, diz o professor. Os contos O Legado e Os Restos de Miranda, do gênero terror, vão compor o livro Histórias para Ler e Morrer de Medo. Neles, Luiz explica que trabalha características marcantes, a exemplo do que fazem os autores H. P. Lovecraft e Edgar Allan Poe, com foco na construção de personagens femininos e com terror visceral. Já a crônica Esperança será publicada no segundo volume da antologia Esperança em Tempos de Pandemia. O quinto texto é um poema, intitulado Ela, e irá integrar a antologia Gratidão. “Todas as histórias têm muitas coisas minhas”, ressalta Luiz.

Ufologia, adolescência e Tramandaí
A última história, chamada Uma Nota no Fantástico, com temática de mistérios extraterrestres, será publicada na coletânea A Verdade Está lá Fora?, e Luiz conta que este texto é uma mistura de seu interesse por ufologia, adolescência e Tramandaí. O conto retrata o tempo das máquinas de fliperama na cidade do Litoral Norte. “Na minha adolescência a gente andava muito por lá. Ia de carona e passava o fim de semana. Eram muitas aventuras e tenho muitas lembranças”, descreve. O interesse por objetos voadores não identificados já estava presente nesta época, tanto que ele foi responsável por fundar o primeiro grupo de Taquara dedicado a estudar o assunto. “Tinha duas pessoas, eu o Marquinhos Bauer, do museu”, comenta em meio a risadas.

O professor encerrou a conversa com uma recomendação de leitura que ele considera fundamental para nossa época: A Máscara da Morte Rubra.