37 famílias recebem aviso para desocupar moradias em Taquara

Crianças, adultos e idosos ocupam as residências em situação de risco Foto: Matheus de Oliveira

Taquara – Uma ocupação irregular às margens da RS-239 em Taquara deverá ser alvo de uma ação de reintegração de posse nos próximos meses. Em abril, a Prefeitura notificou os moradores a deixarem o local devido ao risco oferecido pela rede de alta tensão que fica próxima aos imóveis.

“A situação foi repassada para a Procuradoria Geral do Estado e também notificamos o Ministério Público e o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). A ação de desapropriação por parte do Estado deve ocorrer e nos próximos meses as famílias podem ser retiradas do local”, explica o coordenador da Defesa Civil de Taquara, Matheus Moodler.

A interdição se dá justamente por conta do risco em permanecer na área, explica, e agora que foram notificadas, “as famílias optam por ficar lá por conta própria”, diz Moodler. Além disso, ele afirma que a Prefeitura estuda uma ação para remoção das novas construções que estão sendo feitas e ainda não estão habitadas.

Conforme a Prefeitura, o objetivo do auto de interdição é fornecer às famílias a possibilidade de pleitear benefícios sociais, como aluguel social, pago às famílias que têm suas casas interditadas pela Defesa Civil.

O local é utilizado para construção de moradias desde 2012. Hoje, são 37 famílias que ocupam o espaço, com cerca de 20 crianças.

Moradores pedem por solução
Lucinara da Silva Rodrigues, de 26 anos, tem cinco filhos e foi a primeira a chegar no local, em 2012. Com o emprego na fábrica de calçados perdido durante a pandemia, ela e a família vivem hoje da coleta de materiais e reciclagem. “Esperamos que a Prefeitura providencie alguma solução, porque se eles tirarem nós daqui vamos morar onde? Na beira da faixa? Na frente da prefeitura? A maioria perdeu o emprego na pandemia e não tem para onde ir. Nós não queremos aluguel social, queremos um lugar fixo”, fala.

A principal reclamação das famílias é que a notificação tenha ocorrido justo neste momento de pandemia. “Nós não queremos que eles construam casas, só queremos um pedaço de terra. Se colocarem nós no aluguel social vamos pagar como? Com a reciclagem a gente só consegue tirar para a comida”, lamenta.

“Queremos ajuda”
Dainara Silva, 27, moradora do local, diz que o que querem é ajuda. “Nós não queremos uma notificação. Esse povo tá todo sendo despejado. A gente não quer nada de ninguém. Quer um canto pra morar”.

Além do aluguel social, a prefeitura não se manifestou sobre outros benefícios ou auxílios que possam ser prestados para as famílias em uma eventual desocupação. “Estamos pensando nas vidas que estão ali e que precisam ser protegidas pelo poder público e no controle sobre condomínios irregulares “, diz a prefeita Sirlei Silveira.