Atleta da natação vive a expectativa de ser convocado para as Paraolimpíadas de Tóquio 2020

Em Pequim, quando integrou a equipe brasileira de natação Foto: Arquivo Pessoal

Você já parou para pensar em quanto tempo a sua vida pode mudar de uma hora para a outra? Para Gabriel Feiten, de Três Coroas, cerca de 120 minutos foram suficientes para transformar a vida de um menino quase formado em educação física pela Universidade Luterana do Brasil, para um jovem que aos 21 anos de idade precisou redescobrir a sua vida após um grave acidente de trânsito. Há 18 anos Feiten voltava para casa em um transporte escolar após a aula, quando na cidade de Nova Hartz, a topique em que ele estava acabou capotando. “Por questões de imprudência ou velocidade alta, o motorista perdeu o controle do veículo e sofremos o acidente”, comenta.

Devido ao acidente, o três-coroense sofreu uma lesão no pescoço, quebrou a 6ª e a 7ª vértebras da coluna e teve uma lesão medular, o que o deixou tetraplégico e o impossibilitou de continuar a faculdade de educação física, mas não o impediu de continuar sonhando. Ao assistir as Olimpíadas dois anos após o acidente, Gabriel conta como a natação entrou na sua vida. “Eu comecei no esporte dentro de um processo de reabilitação depois do meu acidente em 2002, aí vi as Olimpíadas de 2004 e achei aquilo um negócio fantástico e disse que em 2008 eu queria estar em Pequim”, conta. E aconteceu. Após competir e alcançar índices na categoria s2, Gabriel foi convocado para a paraolimpíada na capital chinesa e voltou de lá com um 4º lugar.

Atleta revela curiosidade sobre a natação em sua vida e revela paixão pelo ciclismo

Gabriel conta que o esporte não é o seu preferido, mas que se sente agradecido por o que a natação proporciona até hoje em sua vida. “O grande esporte que eu sou apaixonado, que eu gostaria de fazer, mas infelizmente não consegui é o basquete, que era o esporte que eu fazia quando andava e tudo mais, mas a natação não é o carro chefe. Hoje se eu botasse na escala, a natação e o ciclismo, o ciclismo está à frente da natação entre meus esportes preferidos, só que a natação ela me fez conquistar tudo que eu sou e tudo o que eu tenho hoje no esporte então eu sou muito grato e muito feliz por nadar, porém não é o meu esporte preferido”, explica.

De olho em Tóquio

Detentor de inúmeros recordes mundiais e sul-americanos, este ano Gabriel se prepara para buscar a vaga nos jogos paralímpicos de Tóquio, que acontece entre fim de agosto e início de setembro. Por questões burocráticas, Feiten deixa claro que ainda é cedo e não há como saber se ele vai ser convocado, mas já avisa: “tô nadando em busca da vaga”. A edição deste ano acontece entre os dias 25 de agosto e 6 de setembro.

Entre consultas e competições a recompensa

Um ano após seu acidente, Gabriel retomou os estudos e desde 2010 precisa conciliar seus horários entre os treinos para competições e consultas. Há 10 anos o três-coroense é formado em psicologia pelas Faculdades Integradas de Taquara e, questionado sobre como surgiu o interesse pela psicologia, o atleta comenta que optou pela área porque sempre foi algo que o agradou. “Pela minha limitação física eu achei um pouco mais complicado de dar continuidade ao curso [de educação física] e aí eu comecei a analisar a possibilidade de fazer outro curso (…) a psicologia sempre foi algo que me agradava e aí por eu estar em um período de adaptação e ter o curso na Faccat, que é perto da minha casa, eu resolvi fazer”, relata. Gabriel também é pós graduado em psicologia do esporte pela Universidade Feevale.