Xadrez na Escola aprimora o ensino em Três Coroas

Três Coroas – A cada avanço das peças, um passo em direção ao futuro. A cada partida, um aprendizado sobre concentração e disciplina. Com olhares atentos e rostos que transparecem o árduo trabalho da mente, crianças da rede municipal de Três Coroas se superam a cada semana diante do tabuleiro com o projeto Xadrez na Escola. A iniciativa é da professora de matemática Maria Ieda Soares, mais conhecida como Iedinha.

Tudo começou de forma despretensiosa em 2010, na escola Olavo Bilac. E a decisão por dar início ao projeto veio do gosto pelo esporte e pela indisciplina dos estudantes na época. A partir do que deu certo, outras escolas também começaram a receber as aulas e partidas, ampliando a iniciativa para toda a rede municipal.

“Naquela época, por volta de 2013, praticamente 90% dos alunos da Olavo Bilac sabiam jogar. Em 2014 me aposentei no Estado como professora e tive mais tempo para me dedicar. Em 2016 me aposentei pelo município e me liberei totalmente para atender todas as escolas”, contextualiza a professora. Antes da pandemia, eram cerca de 300 alunos envolvidos. Hoje as aulas e partidas acontecem no turno inverso das escolas, com cerca de 180 estudantes.

Interessados podem participar
Em todo início de ano letivo as turmas de 1º a 9º ano das escolas municipais recebem bilhetes com um convite e informações sobre o Xadrez na Escola. Basta aos interessados comparecerem em sua escola no turno inverso para participar. “Trabalho com xadrez de segunda a quarta-feira nas escolas. Também estou indo no antigo Sesi onde tem outro projeto de turno inverso e ofereço o xadrez”, explica Iedinha.

Para os iniciantes, as aulas contam com banners explicativos sobre jogadas, os movimentos e posições de cada peça. De forma geral, uma única aula é suficiente para os novatos aprenderem e já saírem jogando. “O meu foco não é criar gênios no xadrez, é diferente dos clubes que só fazem preparação para competições. Isso também fazemos, mas o foco é o xadrez escolar, respeito, criação de estratégias, dando autonomia para todos formarem suas jogadas”.

Campeonatos
Nestes 13 anos, os alunos do projeto participaram em todas as edições do Campeonato Regional de Xadrez do Vale do Paranhana e ganharam premiações ao longo das edições. Uma das estudantes, inclusive, se sagrou campeã mirim nos Jogos Escolares do Rio Grande do Sul (JERGS). Torneios internos também são promovidos anualmente, utilizando como cenário a praça do centro da cidade. “O projeto Xadrez na Escola é um suporte pedagógico necessário às escolas, pois além de desenvolver o raciocínio lógico, também contribui para o desenvolvimento de habilidades como concentração e tomada de decisões”, define a secretária de Educação, Agnes Muck.

Muito além do esporte, uma missão
Iedinha ressalta que o projeto acontece de forma independente. Todos os tabuleiros, itens e peças são da professora, que coordena sozinha as ações. Ela destaca e agradece, no entanto, o apoio recebido pela comunidade escolar e das administrações. “Preciso desses pilares para me auxiliar”.

Para Iedinha, o projeto transcende os aspectos da disciplina e do raciocínio. “O Xadrez na Escola criou uma certa postura no aluno. As escolas têm os jogos estudantis que causam uma certa rivalidade. Eu não. Como temos alunos de todas as escolas, a gente tem a camiseta, todos colocam ela e participam como um todo, criando amizade e parceria entre eles”.

Outro aspecto destacado é a participação das famílias. Por ter atuado dentro das escolas por 33 anos, Iedinha diz conhecer grande parte dos moradores da cidade. Inclusive, muitos alunos do projeto são filhos de ex-alunos. “Então eles conhecem e acreditam no trabalho, e eu gosto muito disso. Sempre tive pra mim que não quero somar, isso não é comigo. Eu quero fazer a diferença. E onde eu posso fazer a diferença, eu vou estar.”